Bom resultado nos Países Baixos vale mais de 37 milhões ao Benfica

Ao fim de três épocas sem essa possibilidade, Portugal pode voltar a ter três equipas na fase de grupos da Liga dos Campeões, numa altura em que está em condições de atacar o quinto lugar do ranking da UEFA, ocupado pela França.
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Só falta um jogo para Portugal voltar a ter três equipas na fase de grupos da Liga dos Campeões. Depois de três temporadas em que os clubes nacionais perderam essa possibilidade devido ao facto de terem sido ultrapassados no ranking da UEFA, que contabiliza os pontos somados nas cinco épocas anteriores, pelos russos, "basta" agora o Benfica afastar os holandeses do PSV Eindhoven - tarefa que está longe de se encontrar concluída pelo que se viu na primeira mão, que a equipa de Jorge Jesus venceu por 2-1 - para que se concretize essa hipótese. O último ano em que tal aconteceu foi em 2017/18, quando os três grandes conseguiram marcar presença na fase que garante, desde logo, uma avultada quantia só pela participação: dragões e águias fizeram-no diretamente, enquanto o Sporting teve de ultrapassar os romenos do FC Steaua de Bucareste, que conseguiu golear longe de Alvalade na segunda mão (5-1) depois de um comprometedor 1-1 em casa.

Refira-se que, nas últimas dez temporadas, conseguir um trio de representantes aconteceu em quatro ocasiões nas seis épocas em que tal era possível: Paços de Ferreira (13/14) e Sporting (15/16) acabaram por esbarrar no último obstáculo, curiosamente perante dois representantes russos (Zenit e Spartak Moscovo, respetivamente), e cairam para a Liga Europa. Nessas quatro vezes, o registo das equipas portuguesas inclui cinco qualificações para os oitavos de final da Liga dos Campeões, três despromoções para os 16 avos da Liga Europa e quatro eliminações que impediram a continuidade nas provas da UEFA (duas vezes o Benfica, uma o Sporting e outra o Sp. Braga).

Se o prestígio desportivo de estar entre os maiores do continente é evidente para um clube com a dimensão internacional dos encarnados, financeiramente a entrada na fase de grupos será essencial para as contas da SAD, num ano de crise a nível diretivo. Só a presença garante ao clube da Luz um valor de 15,64 milhões de euros. A este valor juntar-se-á o proveninente do ranking a 10 anos: 14.º classificado nessa lista particular liderada pelo Real Madrid, o Benfica terá direito a mais 21,6 milhões, aos quais se acrescentarão os distribuídos pelo marketpool (na época passada, o valor para Portugal foi de cinco milhões), valor variável que depende do números de jogos efetuados na competição (metade) e da classificação obtida na época passada (o que corresponde a 20 por cento desse valor no caso dos lisboetas, devido ao terceiro lugar na Liga).

Tudo junto, um bom resultado no Phillips Stadium garante desde logo 37,24 milhões aos cofres da SAD, mais uns "pozinhos" do referido marketpool - um pouco abaixo dos 39,517 milhões que caberão ao FC Porto (12.º no ranking a 10 anos, que garante mais 23,877 milhões) mas acima dos 27,01 do campeão Sporting (23.º no ranking, mas ainda com a possibilidade de subir três posições, o que aumentaria a verba para 30,4 milhões mas significaria a queda dos rivais da Segunda Circular). Registe-se que um desaire benfiquista, faria com que a verba do marketpool fosse dividida apenas entre leões e dragões.

Isto, claro, sem contar com os prémios de performance desportiva: dois milhões por vitória e 930 mil euros por empate; 9,6 milhões por chegar aos oitavos, 10,6 aos quartos, 12,5 às meias e 15,5 à final, mais 4,5 pela conquista da "orelhuda". É muito dinheiro em jogo.

E, caso o Benfica garanta a presença na fase de grupos assegura, desde logo, um bónus de quatro pontos para o ranking da UEFA, no qual Portugal tem praticamente assegurada a continuidade no sexto lugar - o último que vale a possibilidade de ter três equipas na fase de grupos da Liga dos Campeões, pelo menos no formato atual (o novo começará em 2024/25).

Com as excelentes participações de Santa Clara e Paços de Ferreira na Liga Conferência Europa, independentemente do que vier ainda a suceder na segunda mão das qualificações, a média acumulada já está nos 3,000 pontos (é preciso não esquecer que este ano cada um conquistado é dividido por seis e não por cinco, como nas últimas três épocas), pelo que a meta de ficar com 10,000 pontos, ou lá perto, parece bastante exequível (ver quadro abaixo).

Para tal, os participantes portugueses (que serão certamente quatro, mas o número poderá aumentar caso açorianos e castores conseguiam a proeza de chegar à fase de grupos da nova competição europeia) deverão ter de somar cerca de duas dezenas de vitórias para o futebol português se manter em linha com o que tem feito nas últimas temporadas e, quem sabe, atacar o quinto posto da tabela, onde a França está neste momento com apenas 23 centésimos de avanço.

Todavia, se Portugal pode olhar para cima (embora sabendo-se que o Paris SG tem tudo para garantir muitos pontos à sua conta), também deve olhar para baixo: os Países Baixos têm estado em franca recuperação e pode ambionar o sexto lugar, que não ocupa desde 2001. E, se esta temporada a diferença ainda se cifra numa margem confortável para os clubes portugueses (pouco mais de dez pontos), na próxima será reduzida em muito, uma vez que Portugal perde 6,7 pontos com a saída dos resultados de 2017/18. A vantagem? Ganha quase dois à França.

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