Bolsas europeias perto de anularem ganhos anuais

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As principais bolsas europeias registaram ontem quedas de quase 2%, o que colocou vários índices à beira de anularem a totalidade dos ganhos acumulados desde o início do ano. O Stoxx 50, que agrega as maiores empresas da Europa, entrou ontem num balanço anual negativo, na sequência de uma queda diária de quase 1,4%.

O desempenho negativo dos mercados accionistas reflectiu a escalada dos preços do petróleo, que ontem marcaram novos máximos históricos em Londres e Nova Iorque (ver caixa). O crude reagiu negativamente ao aumento da tensão no Médio Oriente, depois de as tropas de Israel terem atacado o aeroporto de Beirute, em resposta a um ataque dos fundamentalistas palestinianos. Também a sabotagem de dois pipelines petrolíferos no Norte da Nigéria, perpetrada por militantes da autonomia, motivou a valorização do "ouro negro".

Segundo os analistas internacionais, depois de os mercados terem estado a ser pressionados pela expectativa da subida das taxas de juro, agora são as tensões geopolíticas que estão a condicionar os índices. "As preocupações geopolíticas estão agora a conduzir os mercados, causando a venda de activos financeiros de maior risco, incluindo acções, e a procura de activos mais seguros, como obrigações do Tesouro norte-americanas e matérias-primas", afirmou Hilary Till, da casa de investimentos Premia Capital, à Reuters.

Também os receios de que os resultados semestrais das grandes empresas - que começaram ontem a ser divulgados - saiam aquém das expectativas está a pressionar negativamente as bolsas. A tecnológica SAP apresentou ontem contas e, apesar de os lucros terem subido mais de 30%, as vendas subiram apenas 8% no segundo trimestre do ano, desapontando o mercado. "Estamos na época de divulgação de resultados nos Estados Unidos e não me parece que tenha começado muito bem. Os números da SAP geraram preocupações sobre as contas das empresas. O mercado está a interiorizar que o mau desempenho dos resultados pode ser mais abrangente", admitiu Robert Parkes, do HSBC, à agência noticiosa.

As quedas de 1,8% evidenciada pela Bolsa de Paris, de 1,96% registada pelo mercado alemão e de 1,6% sofrida pela praça de Londres colocaram os respectivos índices com valorizações anuais inferiores a 3%. A Bolsa de Madrid e a Euronext Lisboa permanecem numa situação mais confortável, com valorizações acumuladas desde o início do ano superiores a 7% e a 9%, respectivamente. Ontem, o mercado português mostrou-se, aliás, relativamente imune à pressão negativa das suas congéneres europeias. Graças ao desempenho positivo do Banco Comercial Português, que avançou 0,45%, o índice PSI 20 encerrou com uma queda de apenas 0,32%, influenciado marginalmente o balanço anual da bolsa portuguesa.

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