Bloqueio do 'Twitter' na Turquia é "censura"

A União Europeia criticou hoje fortemente o bloqueio turco ao acesso à rede social 'Twitter', considerando que, quer o povo turco, quer a comunidade internacional, vão encarar a decisão como "um ato de censura".
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A posição europeia foi avançada pela comissária com a pasta das novas tecnologias, Neelie Kroes, que classificou o bloqueio turco ao 'Twitter' como "sem justificação, inútil e cobarde".

A Direção de Telecomunicações da Turquia bloqueou na quinta-feira o acesso à rede social 'Twitter', horas depois de o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, ter prometido num comício eleitoral "erradicar" este meio social, noticiou a agência Efe.

O bloqueio efetivou-se perto da meia-noite local (22:00 em Lisboa), comprovou a agência noticiosa espanhola.

A situação foi, segundo a agência Efe, comentada de imediato no 'Twitter', onde se criou a 'hashtag' (palavra-chave utilizada como identificação de uma situação nas redes sociais, precedida do uso do símbolo #) #TwitterisblockedinTurkey (#oTwitterestábloqueadonaTurquia, no equivalente português).

Apenas a utilização de ferramentas informáticas que concedessem anonimato à origem da ligação à Internet permitiram furar o bloqueio imposto pelas autoridades turcas.

A página na Internet da Direção de Telecomunicações informou que o 'Twitter' se encontrava bloqueado por ordem da Procuradoria de Istambul.

Num comício eleitoral hoje, em Bursa (noroeste da Turquia), Erdogan prometeu "arrancar de raíz" o 'Twitter', independentemente do que a comunidade internacional pudesse dizer sobre o assunto.

Horas mais tarde, um comunicado do gabinete do primeiro-ministro adiantou a medida seria usada como "último recurso", se a rede social continuasse a ignorar "decisões judiciais" turcas e a negar-se a eliminar certas ligações.

Várias gravações de supostas conversas telefónicas entre Erdogan e o seu círculo próximo -- que na opinião da oposição turca demonstram a corrupção nas esferas governamentais -- foram difundidas através do 'Twitter'.

Nas últimas semanas foram tornadas públicas várias gravações telefónicas de conversas de detentores de altos cargos na Turquia.

O próprio Erdogan já reconheceu a autenticidade de uma das gravações em que se ouve o primeiro-ministro a exigir a um responsável de uma televisão privada a mudança de alinhamento de um noticiário.

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