Blair segue de Bruxelas para a capital turca

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É nos momentos de infortúnio que se conhecem os verdadeiros amigos. Tony Blair, primeiro-ministro britânico, defensor da entrada da Turquia na UE, leva este ditado à letra: visitará Ancara depois da cimeira europeia. Uma forma de mostrar solidariedade depois do "sinal amarelo" de Bruxelas.

O tempo será curto - escassas horas entre sexta-feira e sábado -, mas carregado de simbolismo, aproveitando Tony Blair para se encontrar com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Deverá reafirmar o apoio do seu país à adesão da Turquia à UE", afirmou um diplomata turco. Na verdade, nem precisava, pois, logo na terça-feira, o primeiro-ministro britânico dera conta do seu desalento pela decisão de Bruxelas, considerando que virar as costas à Turquia representaria para a UE, "a longo prazo, um grave erro estratégico". Na mesma sintonia, aliás, do ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Abdullah Gul, para quem a decisão de Bruxelas resulta de "falta de visão".

Impasse

Ancara está cada vez mais na retranca, depois de ouvir de Bruxelas que deverá refrear os ânimos sobre o processo de adesão à UE. E faz finca-pé na recusa de abrir os seus portos e aeroportos a barcos e aviões a Chipre.

Isso mesmo foi reafirmado ontem. "Sempre defendemos com determinação a nossa posição, que exclui quaisquer avanços enquanto não sejam levantadas as sanções contra a República Turca do Norte do Chipre, como prometeu a UE", sublinhou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Do outro lado da "barricada", Bruxelas reclama precisamente o inverso: primeiro a união aduaneira, que obriga à abertura de portos e aeroportos ao tráfico cipriota grego. Depois, o fim do embargo comercial.

A República de Chipre é membro da União desde 2004. A chamada República Turca do Chipre do Norte só é reconhecida por Ancara.

Ao International Herald Tribune, Egemen Bagis, conselheiro de política externa do Governo turco, lamentou: "Alguns países estão a usar Chipre. E Chipre está satisfeito por ser usado."

No impasse, manda a UE. Com base nas recomendações da Comissão Europeia, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 25 decidiram suspender oito dos 35 capítulos que norteiam as negociações de adesão da Turquia.

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