Biden assina reentrada dos EUA no acordo de Paris e na OMS. E o fim do muro
O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou esta quarta-feira uma série de decretos, entre os quais uma ordem para que o país volte a estar comprometido com o Acordo Climático de Paris e um documento para anular a decisão de deixar a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre os decretos estão também a obrigação da utilização de máscaras em todos os edifícios federais, o fim da proibição de entrada de pessoas de países de maioria muçulmana e a suspensão da construção do muro na fronteira com o México.
Estas ordens têm como objetivo reverter decisões do seu antecessor, Donald Trump, e definir um caminho político claro para o novo governo. "Algumas das coisas que vamos fazer vão ser ousadas", prometeu Biden na Sala Oval.
Os Estados Unidos preparam-se assim para regressar ao acordo de Paris, assinado por grande parte dos países em 2016 para limitar o aquecimento global, quando Barack Obama ainda era presidente dos Estados Unidos. "Vamos lutar contra as mudanças climáticas como nunca fizemos antes", disse Biden.
Esta decisão já foi saudada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron. "Esperamos que a liderança dos Estados Unidos acelere esforços globais em direção às emissões zero", disse Guterres, pedindo novas metas "ambiciosas" para 2030.
Os Estados Unidos deixaram, a 4 de novembro, formalmente o Acordo de Paris, um pacto global firmado há cinco anos com o objetivo de travar a ameaça de uma mudança climática catastrófica.
A medida, há muito anunciada por Donald Trump e desencadeada pela sua Administração há um ano, isola ainda mais Washington do mundo, mas não tem impacto imediato nos esforços internacionais para conter o aquecimento global.
Existem 189 países que permanecem comprometidos com o Acordo de Paris de 2015, que visa manter o aumento das temperaturas médias mundiais "bem abaixo" dos dois graus Celsius, idealmente menos de 1,5 graus celsius, em comparação com os níveis pré-industriais. Outros seis países assinaram, mas não ratificaram o pacto.
Os cientistas dizem que qualquer aumento acima de dois graus celsius pode ter um impacto devastador em grandes partes do mundo, elevando o nível do mar, provocando tempestades tropicais e agravando secas e inundações.
O Acordo de Paris exige que os países definam as próprias metas voluntárias para reduzir os gases com efeito estufa, como o dióxido de carbono. O único requisito obrigatório é que as nações relatem com precisão os seus esforços.
Os EUA são o segundo maior emissor do mundo, depois da China, de gases que retêm calor, como o dióxido de carbono, e a sua contribuição para a redução de emissões é considerada importante.
Outra ordem executiva que significa uma inversão de marcha no caminho traçado por Trump é a suspensão da saída dos EUA da OMS, que estava prevista para julho.
Em maio de 2020, o então presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que tinha terminado o relacionamento entre os EUA e a OMS, que acusou de ser inapta na gestão da pandemia de covid-19.
Donald Trump alegou que a OMS não soube responder de forma eficaz ao seu apelo para introduzir alterações no seu modelo de financiamento, depois de já ter ameaçado cortar o financiamento norte-americano a esta organização das Nações Unidas, acusando-a de ser demasiado benevolente com o Governo chinês.
"Porque falharam em fazer as reformas necessárias e requeridas, terminamos o nosso relacionamento com a Organização Mundial de Saúde e iremos redirecionar os fundos para outras necessidades urgentes e globais de saúde pública que possam surgir", disse Trump, em declarações aos jornalistas.
No início daquele mês, o presidente norte-americano tinha feito um ultimato à OMS, ameaçando cortar a ligação à organização se não fossem feitas reformas profundas na sua estrutura e no seu modus operandi.
Nessa altura, Trump suspendeu temporariamente o financiamento à OMS, no valor que está estimado em cerca de 400 milhões de euros anuais, o que corresponde a 15% do orçamento da organização.
Trump acusou a OMS de ter feito uma gestão ineficaz de combate à pandemia de covid-19 e de ter sido conivente com o Governo chinês, alegando que Pequim reteve informação relevante sobre a propagação do novo coronavírus, que aumentou os riscos da crise sanitária global.