Biden aceita ser candidato e promete virar a página de "tempos de escuridão"
Joe Biden aceitou oficialmente na quinta-feira representar os democratas na corrida à Casa Branca, prometendo virar a página do "medo" e comprometendo-se a ultrapassar os "tempos de escuridão" em que Donald Trump mergulhou os EUA.
"O atual Presidente mergulhou a América na escuridão demasiado tempo. Demasiada raiva, demasiado medo, demasiada divisão", acusou Biden.
"Aqui e agora, dou-vos a minha palavra: se me confiarem a presidência, farei sobressair o melhor de nós, não o pior. Serei um aliado da luz, não da escuridão", acrescentou o candidato democrata. "Unidos, podemos derrotar estes tempos de escuridão", instou.
O ex-vice-Presidente de Barack Obama salientou que este é "um dos momentos mais difíceis que os Estados Unidos já enfrentaram", com crises sem precedentes, como a pandemia de covid-19, "a maior crise económica desde a Grande Depressão" e "o maior movimento pelos direitos civis [afro-americanos] desde os anos 1960".
Biden criticou a gestão da pandemia do seu rival nas eleições de novembro, Donald Trump, acusando-o de falhar "no seu dever mais básico para com os Estados Unidos".
"Ele não nos protegeu, e, meus compatriotas americanos, isso é imperdoável", disse Biden no discurso em que aceitou a nomeação democrata, no último dia da convenção do partido, realizada de forma virtual.
Biden assegurou ainda que a sua eleição garantiria os direitos dos desempregados, das vítimas da pandemia e "das comunidades que conheceram a injustiça de um joelho no pescoço", em alusão ao homicídio do afro-americano George Floyd, que originou protestos em massa no país e no mundo contra o racismo e a violência policial.
"O presidente continua a dizer-nos que o vírus vai desaparecer. Ele ainda está à espera de um milagre", acusou Biden, prometendo lançar uma estratégia nacional para combater a pandemia "no primeiro dia" do seu mandato.
"A nossa economia nunca recuperará até lidarmos com este vírus", defendeu.
Donald Trump respondeu ao seu adversário nas eleições de novembro, defendendo que as promessas que fez no discurso de aceitação da nomeação dos democratas não passam de "palavras".
"Em 47 anos, o Joe não fez nenhuma das coisas de que agora fala. Ele nunca vai mudar, [são] só palavras!", escreveu Trump na sua conta na rede social Twitter.
Donald Trump fez ainda outras críticas a Biden, numa entrevista que coincidiu com o último dia da Convenção Nacional Democrata, transmitida pela Fox, o seu canal de televisão favorito.
Na entrevista, o presidente norte-americano previu que, caso Biden seja eleito, destruirá a economia.
"Os impostos vão duplicar ou triplicar (...), vão aniquilar este país e a economia", afirmou Trump, pouco antes de Biden fazer o discurso de aceitação da nomeação presidencial pelo seu partido.
Quanto às críticas de que o seu Governo dividiu o país, Trump disse que não teria sido eleito se não tivesse havido má gestão por parte do seu antecessor, Barack Obama, e do então vice-Presidente Joe Biden.
"Ninguém se lembra de como este país estava dividido com Obama", acusou.
Trump reiterou também que haverá uma fraude maciça nas eleições de 3 de novembro, invocando os votos pelo correio.
"É um desastre, estão a enviar 51 milhões de votos pelo correio para pessoas que nem sequer os pediram (...). Podem estar mortos, quem sabe", acusou Trump, insistindo que "esta é a eleição mais fraudulenta da história" dos Estados Unidos.
Há semanas que Trump tem vindo a fazer campanha contra o voto por correio, uma prática que as autoridades de uma dúzia de estados estão a promover como uma medida extraordinária face à pandemia do novo coronavírus.
Trump deu a entender que o envio "indiscriminado" de votos é uma estratégia da oposição, dizendo ser uma prática que ocorre "em áreas democráticas e não republicanas".
A votação por correio é uma prática comum nas eleições norte-americanas, tal como em muitos outros países, e as acusações de fraude são sem precedentes na história da democracia dos EUA.
Biden aceitou durante a madrugada a nomeação para candidato à presidência dos Estados Unidos, um momento que representa o culminar de uma carreira política com quase cinco décadas.
A ser eleito, Biden, com 77 anos, seria o presidente mais velho de sempre.
O ex-vice-presidente de Barack Obama (2009-2017) invoca com frequência a sua experiência em funções governativas.
Biden foi senador de Delaware durante três décadas, antes de ser nomeado vice-presidente de Obama. Candidatou-se pela primeira vez à presidência em 1988 e tentou novamente em 2008, antes de lançar uma nova campanha para 2020, no ano passado.
A pouco mais de dois meses das eleições, Biden não tem, no entanto, a história do seu lado.
Nas últimas quatro décadas, só um presidente em funções foi derrotado: George H. W. Bush, em 1992, por Bill Clinton.
Biden enfrentou igualmente desafios sem precedentes para transmitir a sua mensagem durante a Convenção Nacional Democrata, realizada sem público ao vivo, e em que a maioria dos oradores discursaram em vídeos pré-gravados, por causa da pandemia.
Os democratas confirmaram na terça-feira a nomeação de Joe Biden como candidato contra Donald Trump nas presidenciais dos Estados Unidos, em 3 de novembro.
Biden conseguiu o apoio de 3.558 delegados, em comparação com os 1.151 para o senador mais à esquerda Bernie Sanders.
A seu lado nas eleições presidenciais de 3 de novembro estará a senadora da Califórnia Kamala Harris, terceira mulher a ser designada como candidata a vice-presidente nos Estados Unidos, depois da democrata Geraldine Ferraro, em 1984, e da republicana Sarah Palin, em 2008, que não foram eleitas.
A aceitação do antigo vice-presidente marcou o encerramento da Convenção Nacional Democrata.