BFA. Isabel dos Santos propõe ficar com maioria do banco que divide com o BPI

BPI prepara separação das operações africanas para Nova Sociedade, que será cotada em Lisboa
Publicado a
Atualizado a

Isabel dos Santos pode tornar-se a acionista maioritária do Banco de Fomento Angola (BFA), controlado pelo BPI (50,1%). A empresária angolana quer passar dos 49,9% do capital do banco, que detém através da operadora de telecomunicações Unitel, para cerca de 60%, apurou o DN/Dinheiro Vivo. Quanto poderá custar esta operação ainda está por definir.

A administração do BPI, liderada por Fernando Ulrich, "manifestou já a sua disponibilidade para receber e analisar uma proposta que concretize a referida manifestação de interesse", bem como propostas de outras entidades que permitam alcançar uma solução" para o problema de excesso de concentração de riscos em Angola.

A concretização da operação, porém, está ainda dependente de uma série de aprovações dos reguladores. Mesmo antes de o Banco Central Europeu (BCE) dar luz verde à solução encontrada pelo BPI para reduzir a sua exposição a Angola - que abarca toda a presença no continente africano -, a proposta terá de passar pela aprovação do Banco de Portugal, do Banco de Angola e do Banco de Moçambique.

Caso se concretize, o banco liderado por Fernando Ulrich passará a deter uma participação abaixo dos 50% no BFA, reduzindo assim os problemas de exposição a Angola levantados pelo BCE. Esta necessidade deve-se ao facto de o Banco Central Europeu ter deixado de reconhecer o estatuto de equivalência à supervisão angolana, levando assim o português BPI a superar os limites de exposição a ativos daquele país. Esta situação terá de estar resolvida até março de 2016.

Seja como for, o BPI anunciou ontem uma solução para reduzir o excesso de exposição e de concentração de risco com as suas operações africanas. A instituição financeira portuguesa pretende criar uma nova sociedade que integrará as participações que detém no BFA (Angola), no Banco Comercial e de Investimentos (BCI) - detido pela Caixa Geral de Depósitos (51%), pelo BPI (30%) e por um grupo de investidores locais reunidos no grupo Ensitec (19%) - e no BPI Moçambique. Na prática, uma vez que é um banco cotado, serão os acionistas que passarão a deter os negócios africanos do BPI.

A instituição financeira vai agora convocar uma assembleia geral de acionistas - ainda sem data prevista - em que irá apresentar o projeto de cisão simples. Na prática, isto significa que o BPI pretende criar uma nova sociedade que será cotada na Bolsa de Lisboa e que terá "a parcela do património correspondente à unidade de negócio de gestão de participações sociais em instituições de crédito africanas, cujo objeto social consistirá na gestão de participações sociais", lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

No anúncio feito ontem, o banco liderado por Fernando Ulrich explica que, com esta operação, serão destacadas do banco as participações sociais no Banco de Fomento Angola, no BCI e também no BPI Moçambique.

A Nova Sociedade terá um capital social de 46 milhões de euros, que se divide em 1 450 827 827 de ações ordinárias, escriturais, nominativas, sem valor nominal e com o valor de emissão unitário de 0,03170603647 euros. O que significa que, na data de produção de efeitos desta cisão, será atribuída aos acionistas do BPI uma ação da Nova Sociedade por cada ação do BPI detida. com J.P.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt