Bento XVI recebe Vladimir Putin e sublinha carácter europeu da Rússia
Bento XVI recebeu ontem no Vaticano, em audiência privada de 25 minutos, o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin. Foi o primeiro encontro entre os dois desde a eleição papal. Putin fazia-se acompanhar por uma delegação de 14 pessoas, entre as quais o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.
Falando em alemão, os dois dirigentes abordaram temas como paz e justiça no mundo, liberdade religiosa e um eventual encontro, fora da Rússia, de Bento XVI com o Patriarca ortodoxo, Alexandre II.
A estabilização do Médio Oriente, desde o Iraque ao Irão e à Síria, a criação de um Estado palestiniano, com a garantia do respeito pela existência do Estado de Israel, o problema do extremismo religioso, que constitui uma grave ameaça, foram os temas discutidos pelo Papa e o Presidente russo.
A audiência de ontem tem um peso significativo na melhoria das relações entre a Santa Sé a Federação Russa. E, quando o Ocidente e a Europa protestam contra a violação dos direitos humanos na Rússia, o Vaticano passa a mensagem de que a Rússia é parte integrante da grande família europeia.
Uma viagem do Papa a Moscovo, que só será possível com o acordo de Alexandre II, colhe o apoio de Vladimir Putin, que deixa porém para o Patriarca ortodoxo a última palavra.
Antes de partir para a sua terceira visita ao Vaticano (onde foi recebido em 2000 e 2003 por João Paulo II) o Presidente russo louvou em conferência de imprensa o empenho das igrejas e das várias confissões religiosas na Rússia para, segundo disse, realizar um clima de reconciliação e comunhão entre todos os crentes do país.
Putin tinha agendado para ontem um jantar com o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, durante o qual terão abordado assuntos como uma eventual conferência de paz para o Iraque, a realizar possivelmente em Istambul, além da crise no Afeganistão e a escalada da proliferação nuclear. O Presidente russo esteve apenas 12 horas na capital italiana, mas foi o suficiente para a submeter a um apertado sistema de protecção, que impediu a circulação do trânsito no centro de Roma, apesar de Vladimir Putin se fazer transportar de helicóptero nas deslocações dentro da própria cidade e ao Vaticano.
Cimeira sobre energia
Hoje, Putin estará em Bari (cidade onde estão os restos mortais de São Nicolau, o padroeiro de Moscovo), para uma cimeira com Prodi, sobre energia, além da continuação das discussões da véspera, sobre os grandes temas internacionais.
Os dois países mantêm extensa colaboração na área energética. O grupo italiano Eni e o russo Gazprom assinaram em Novembro um acordo (na altura classificado de "histórico") que permite à Gazprom distribuir o seu gás em território italiano. A cimeira de Bari será seguida por outras empresas do sector, como a Enel italiana, que tem ambiciosos projectos de investimento na Rússia. (Mais noticiário na pág.23) *Com agências