Benfica tem de fazer o que ainda não foi feito. E mesmo isso pode não chegar
Não há outro cenário possível: se o Benfica de Rui Vitória quiser alimentar esperanças de apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões quando receber o AEK de Atenas, a 12 de dezembro, na última jornada do grupo E, tem obrigatoriamente de fazer nesta terça-feira (20.00, Eleven Sports1) aquilo que ainda não fez na sua história: ganhar ao Bayern em Munique.
Não adianta, pois, especular com o resultado. Só a vitória permite manter vivo esse objetivo de entrar no lote das 16 melhores equipas da Europa. Mas, como se essa não fosse já uma enorme dificuldade comprovada pela história, mesmo um triunfo inédito no Allianz Arena corre o sério risco de não ser suficiente.
Relembremos a classificação: o Bayern tem dez pontos, Ajax oito, Benfica quatro e AEK zero, quando faltam só duas jornadas na fase de grupos.
Caso o Ajax ganhe em Atenas, horas antes (17.55, Eleven Sports2), ao AEK, a hipótese de apuramento encarnado mergulha desde logo na dimensão do "matematicamente possível" mas "realisticamente muito improvável" - em cuja fronteira, de resto, já se encontra. Nesse cenário, os holandeses ficarão inalcançáveis para um Benfica que terá então de jogar o apuramento num duelo direto com os bávaros, que além de terem ganho na Luz por 2-0 têm nesta altura um goal average positivo de seis golos (7-1) contra um negativo de dois (4-6) da equipa portuguesa.
Ou seja, o Benfica terá de ganhar por dois golos de diferença para anular a vantagem do Bayern no confronto direto, já que é esse o critério de desempate privilegiado pela UEFA. Depois, caso a equipa de Rui Vitória consiga devolver ao Bayern o 0-2 da Luz, haverá ainda quatro golos de diferença para anular na última jornada do grupo, em que os alemães visitam o Ajax e o Benfica recebe o AEK - já um resultado de 1-3, 2-4 ou por aí fora em Munique dá vantagem à formação lisboeta, pois golos fora contam a dobrar também no critério de desempate.
Portanto, para o Benfica, além do obrigatório triunfo no Allianz Arena - essa é uma condição inegociável -, o ideal seria contar também com a colaboração do AEK Atenas num triunfo sobre o Ajax que deixasse os holandeses com apenas um ponto de vantagem (oito para sete) sobre os encarnados à partida para a última jornada.
Por todas estas conjeturas se percebe o quão complicada está a missão das águias. Sobrevive apenas uma ténue oportunidade e Rui Vitória disse nesta segunda-feira que o Benfica "vai lutar até à exaustão por agarrá-la". E, para isso, começa logo por ter de fazer o que nunca antes conseguiu: ganhar ao Bayern.
A crise interna que o hexacampeão alemão atravessa - quinto classificado na Bundesliga, a nove pontos do líder B. Dortmund - pode abrir um pouco mais a janela de oportunidade, mas, historicamente, os bávaros são talvez o pior adversário que o Benfica podia ter pela frente. Em nove jogos oficiais entre as duas equipas, a formação da Luz nunca até hoje conseguiu derrotar o Bayern. E se em casa ainda forçou três empates, nas deslocações a Munique nem um "pontinho" tem para amostra: quatro jogos, quatro derrotas.
A derrota mais suave foi obtida já por Rui Vitória, nos quartos-de-final desta mesma Liga dos Campeões em 2015-16, quando os encarnados sucumbiram apenas a um golo de Arturo Vidal (logo aos dois minutos), no jogo da primeira mão dessa eliminatória, frente à equipa então treinada pelo espanhol Pep Guardiola. De resto, recuando na história, sobram goleadas: um 5-1 em 1976, e dois 4-1, em 1981 e em 1995.
O Benfica não tem sequer outro exemplo luso em que se possa inspirar. Em Munique, contra equipas portuguesas, o Bayern nunca perdeu um jogo oficial. Em 12 jogos, o máximo que cedeu foram dois empates: 0-0 com o Sporting em 2006 e 1-1 com o FC Porto em 1991.
É esta a dimensão da tarefa que a equipa de Rui Vitória tem pela frente nesta terça-feira.
1. Bayern, 10 pontos, 7-1 em golos
2. Ajax, 8 pts, 6-2 em golos
3. Benfica, 4 pts, 4-6 em golos
4. AEK Atenas, 0 pts, 2-10 em golos