Benfica entre o resultado mágico de 2-0 e a ajuda dos alemães
O Benfica enfrenta nesta terça-feira (20.00) a última oportunidade para garantir a continuidade nas competições da UEFA em 2020, pela via da Liga Europa, uma vez que já não tem hipóteses de lutar pelos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
E para isso está obrigado a vencer o jogo com o Zenit, no Estádio da Luz, dependendo a equipa de Bruno Lage só de si para alcançar esse objetivo, precisando de vencer por 2-0, um resultado mágico que evita a dependência de terceiros e que permite à equipa beneficiar do grande golo de Raúl de Tomás em São Petersburgo, que nesse contexto será decisivo no desempate no confronto direto com os russos, que em casa venceram por 3-1.
Contudo, se o Zenit marcar um golo em Lisboa, o Benfica precisará então de um resultado pela diferença de três golos (4-1, 5-2, 6-3... e assim sucessivamente) para se apurar. O triunfo encarnado por 3-1 não serve, uma vez que, com o confronto direto igualado, os russos teriam vantagem por causa do saldo entre golos marcados e sofridos em todos os jogos do grupo: um golo negativo do Zenit, contra dois negativos do Benfica.
Há, no entanto, outra possibilidade de os encarnados seguirem para a Liga Europa vencendo Zenit por qualquer resultado. Mas para isso é preciso que, à mesma hora, o RB Leipzig vença em Lyon. Se isso acontecer, Benfica, Zenit e Lyon ficam com sete pontos, mas, na contagem de pontos no minicampeonato entre estas três equipas, os russos contabilizariam sete pontos e continuariam na Champions, os encarnados passariam a ter seis e os franceses manteriam os quatro, acabando por isso no último lugar do grupo e, consequentemente, fora da Europa.
Esta é a oitava vez que o Benfica vai decidir o seu futuro nas competições europeias na última jornada, tendo em metade delas conseguido cumprir o objetivo que estava ao seu alcance, mas a verdade é que nunca ficou fora das provas da UEFA quando teve de decidir o futuro no último jogo: ou continuou na Champions ou, na pior das hipóteses, passou para a Liga Europa.
A Liga dos Campeões de 1991-92 disputava-se por eliminatórias até se apurarem os oito finalistas, que se dividiam então em dois grupos de quatro equipas, nos quais o primeiro classificado se apurava para a final. O Benfica, treinado por Sven-Gören Eriksson, chegou ao último jogo com hipóteses de seguir em frente, mas era preciso vencer o Barcelona, em Camp Nou, e esperar que o Dínamo Kiev perdesse em casa do Sparta Praga, o que veio a acontecer.
Só que os encarnados acabaram por perder com o Barça, por 2-1, com o resultado a ser construído na primeira parte com o golo de César Brito a aparecer aos 27 minutos, já depois de Stoichkov e Bakero terem adiantado os catalães no marcador. O Barcelona seguiu em frente e sagrou-se campeão europeu pela primeira vez na sua história.
O Benfica garantiu o apuramento para os oitavos-de-final da Champions de 2005-06 com um jogo épico na Luz frente ao Manchester United de Alex Ferguson, que tinha Cristiano Ronaldo, Van Nistelrooy e Rooney como estrelas no ataque.
Os encarnados, treinados pelo holandês Ronald Koeman, estavam obrigados a vencer e o jogo até começou mal, quando Paul Scholes abriu o marcador logo aos seis minutos. Mas, ainda antes do intervalo, Geovanni e Beto deram a volta ao marcador e o Benfica venceu por 2-1, resultado que serviu para seguir em frente e, ao mesmo tempo, eliminar o poderoso Manchester United.
Uma época depois, novo duelo decisivo com o Manchester United, agora em Old Trafford, onde só a vitória interessava ao Benfica de Fernando Santos para continuar na Liga dos Campeões. Só que, desta vez, os red devils vingaram-se e venceram por 3-1.
O defesa-direito Nélson ainda adiantou os encarnados no marcador aos 27 minutos, mas os ingleses, com Cristiano Ronaldo a titular, responderam com golos de Vidic (45'), Ryan Giggs (61') e Louis Saha (75'). O Benfica ficou em terceiro lugar atrás do Celtic e seguiu para a Liga Europa, para a qual já se tinha classificado na 5.ª jornada, após um triunfo na Luz diante do FC Copenhaga.
A situação mais parecida com a que o Benfica vive atualmente na Liga dos Campeões verificou-se em 2007-08, quando estava obrigado a vencer o Shakhtar Donetsk, na Ucrânia, para subir ao terceiro lugar e garantir presença na Liga Europa.
Tal como agora, os encarnados eram últimos do grupo, com quatro pontos. Os ucranianos tinham seis. Aos 21 minutos, a equipa de José Antonio Camacho já vencia por 2-0 com dois golos do paraguaio Oscar Cardozo, de nada valendo o penálti marcado por Cristiano Lucarelli. O Benfica passava então para a Liga Europa com um triunfo por 2-1 no gelo de Donetsk.
À entrada para a última jornada do grupo B de 2010-11, o Benfica de Jorge Jesus corria o sério risco de ficar fora das competições europeias. Da Champions já estava eliminado, mas era preciso salvar a passagem para Liga Europa e para isso tinha de segurar o ponto de vantagem que tinha sobre o último classificado, o Hapoel Telavive.
O Benfica recebia o Schalke sabendo que o triunfo resolvia o problema, mas acabou por perder por 2-1. Quando Luisão marcou aos 86 minutos, os alemães já tinham uma vantagem de dois golos apontados por Jurado (20') e Höwedes (81').
Só que os encarnados acabaram por ser salvos pelo Lyon, que fez o golo do empate 2-2 diante do Hapoel aos 88 minutos por Alexandre Lacazette, um momento muito festejado na Luz e que permitiu a ida do Benfica para a Liga Europa, onde chegou às meias-finais, perdidas para o Sp. Braga.
O Benfica chegou à última jornada do grupo G da Liga dos Campeões de 2012-13 com possibilidade de garantir a passagem aos oitavos-de-final, mas para isso tinha de fazer em Barcelona o mesmo resultado que o Celtic conseguisse em casa com o já eliminado Spartak Moscovo.
Com o primeiro lugar já garantido, o Barça apresentou-se no jogo com uma equipa com muitos habituais suplentes (Messi entrou na segunda parte), pelo que os encarnados, treinados por Jorge Jesus, tinham uma grande oportunidade para sair do Camp Nou com os três pontos. Só que, apesar das muitas oportunidades criadas, o Benfica acabou por não conseguir marcar, terminando a partida com um empate 0-0.
O problema é que, em Glasgow, o Celtic fez o que lhe competia e venceu o Spartak por 2-1, com o golo do triunfo a surgir de penálti aos 81 minutos. Não restou outra alternativa à equipa portuguesa senão seguir para a Liga Europa, na qual acabou por chegar à final, perdida para o Chelsea (1-2).
Benfica e Olympiacos chegavam à última jornada empatados com sete pontos, mas os gregos tinham vantagem no confronto direto, pelo que, se a equipa de Jorge Jesus quisesse continuar na Champions 2013-14, tinha de vencer, na Luz, o já apurado Paris Saint-Germain e esperar que, em Atenas, o Anderlecht roubasse pontos à equipa da casa.
Só que o Olympiacos venceu por 3-1, tornando infrutífero o triunfo do Benfica sobre o PSG por 2-1, com golos de Lima e Gaitán, depois de Edinson Cavani ter adiantado os franceses no marcador. Os encarnados voltaram a seguir para a Liga Europa, onde chegaram à final perdida para o Sevilha no desempate por penáltis.
O Benfica chegava ao último jogo do grupo B, na época 2016-17, na segunda posição, com oito pontos, os mesmos que o Nápoles e mais um do que o Besiktas, que era terceiro. Para se apurar, bastava à equipa de Rui Vitória fazer o mesmo resultado na receção aos napolitanos que os turcos na visita a Kiev. E foi precisamente isso que aconteceu.
O Nápoles impôs-se na Luz por 2-1, com golos de Callejón (60') e Mertens (79'), tendo Raúl Jiménez reduzido aos 87 minutos. Só que, quando chegaram os golos em Lisboa, as duas equipas já sabiam que estavam apuradas, uma vez que, na Ucrânia, o Dínamo Kiev goleava o Besiktas, numa partida que terminou 6-0.
Os encarnados seguiram em frente na prova e caíram nos oitavos-de-final da Champions frente ao Borussia Dortmund, naquela que foi a última vez que passaram a fase de grupos.