Belenenses-FC Porto. Hoje há uma tradição que não se cumpre

Clube portista garante que não vai acabar com o ritual de colocar flores no monumento de homenagem a Pepe, jogador que morreu tragicamente aos 23 anos em 1931, mas este domingo tal não acontecerá
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José Manuel Soares Louro, mais conhecido como Pepe morreu há 87 anos. Pepe era figura do Belenenses, da seleção e do país, e partiu de forma trágica com apenas 23 anos, uma tragédia que o FC Porto assinala há dezenas de anos antes de cada jogo no Estádio do Restelo.

A tradição já tem mais de 60 anos e não tem uma explicação específica, a não ser o respeito por uma figura incontornável da história do Belenenses: sempre que o FC Porto joga no Restelo, homenageia Pepe. O jogo entre as duas equipas começa sempre com um gesto que nada tem de futebol. Momentos antes de entrar em campo, o capitão dos dragões coloca uma coroa de flores no monumento dedicado àquele que "prometia ser o melhor jogador português de sempre".

Este domingo, esse gesto não se repetirá. O FC Porto promete não acabar com a tradição, mas decidiu adiar o gesto "para momento oportuno". É que o jogo de hoje não será no Restelo, mas sim no Jamor, no Estádio Nacional (18.30, Sport TV).

Morte trágica aos 23 anos

Nascido e criado na zona de Belém, começou a jogar no Belenenses em 1926. Fê-lo até à morte, cinco anos mais tarde e já depois de ajudar o clube do Restelo (na altura jogava nas Salésias) a vencer o campeonato de Portugal (prova que antecedeu a Liga) em 1927 e 1929.

Estreou-se em fevereiro de 1926, num jogo contra o Benfica. Tinha apenas 18 anos, marcou, de penálti, o golo da vitória da sua equipa nesse jogo, um incrível 5-4, com recuperação de 1-4 até ao desfecho final. Poucos anos depois, veio a morte trágica, que adensou a lenda daquele que era visto como o melhor ê mais promissor jogador português da altura.

As causas da morte ainda hoje são um mistério, mas a voz popular eternizou a versão que culpa a mãe do jogador, que trocou sal por soda cáustica na preparação do jantar. O repasto devia estar bom, pois resolveu levar restos do jantar da véspera e ainda deu um pouco a um gato, que também morreu pouco depois. Vários familiares também foram internados, mas sobreviveram, o que comprovaria a tese de intoxicação alimentar.

O que se sabe e fazendo uso das informações dos jornais da altura, incluindo o Diário de Notícias, no dia a 23 de outubro de 1931, Pepe sentiu-se mal no trabalho (era torneiro mecânico) e foi levado para o Hospital da Marinha, com fortes dores abdominais. Morreu no dia seguinte.

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