BE quer explicações sobre intenção do hospital Pulido Valente de ceder espaços de consulta à SCML
O presidente da administração do CHLN, Carlos Martins, disse à agência Lusa que não tem "nada assinado nem em negociação" com a SCML relativamente à cedência de espaços da consulta externa, indicando que elementos da Santa Casa visitam regularmente o Pulido Valente por lá terem uma obra em curso, uma obra já de conhecimento público e onde vão ser instaladas camas de cuidados continuados.
Na pergunta dirigida ao Ministério da Saúde, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda pretende explicações sobre negociações com a SCML para ceder espaços do Pulido Valente para consultas de higiene oral, considerando que, a concretizar-se, isso vai "prejudicar a capacidade de resposta" do hospital.
Segundo o BE, os nove gabinetes do Pulido Valente são "atualmente utilizados para consultas de especialidades hospitalares e incluem ainda uma sala onde os doentes cirúrgicos fazem o respetivo penso".
"A concretizar-se qualquer tipo de cedência destes espaços, o que se estaria a fazer era prejudicar a capacidade de resposta do Hospital Pulido Valente para se abrir gabinetes de higiene oral que podem ser instalados noutro local qualquer", sublinha o Bloco nas questões dirigidas hoje ao Governo.
O partido diz ter tido a informação de que no dia 7 deste mês a administração do CHLN, que integra o Santa Maria e o Pulido Valente, foi visitar as instalações da consulta externa do Pulido Valente acompanhado de uma comitiva da Santa Casa.
"A intenção dessa visita era avaliar uma possível 'cedência' de nove gabinetes de consulta que ficariam a ser explorados pela Santa Casa, com o intuito de ali instalar consultas de higiene oral", prossegue o Bloco.
Para os bloquistas, esta decisão poderá prejudicar os utentes do Pulido Valente, já que a "destruição de gabinetes" onde se realizam consultas pode comprometer os tempos de espera, com consequências na atividade assistencial dos utentes.
"Esta situação causa perplexidade e levanta inúmeras dúvidas. Estará o conselho de administração do CHLN disponível para ceder gabinetes de consulta para que estes fiquem à exploração da Santa Casa? Estará na disposição de reduzir a capacidade de resposta do hospital Pulido Valente, nomeadamente em consultas de especialidade, agravando ainda mais as listas e os tempos de espera? Por que razão a Santa Casa não instala gabinetes de higiene oral noutro local qualquer, preferindo instalar-se dentro do Hospital Pulido Valente, prejudicando a sua atividade assistencial?", questiona o BE.
No documento enviado ao Governo o Bloco recorda que "ainda recentemente foram encerradas 54 camas de internamento do serviço de medicina interna" do Pulido Valente "para entregar esses espaços à mesma Santa Casa da Misericórdia" na altura para colocação de camas de cuidados continuados.
"O encerramento dessas 54 camas veio reduzir ainda mais a capacidade de internamento do Centro Hospitalar onde, no Hospital Santa Maria, existem vários utentes internados em macas por falta de camas", considera o Bloco.
O partido deixa ainda outra questão: "como se faria a separação entre a atividade do hospital e a atividade privada a desenvolver-se num hospital público?", dado que apenas há uma única entrada para o pavilhão de consultas, com uma sala de espera e um posto administrativo.