BBC mantém programado documentário que mostra suicídio assistido apesar das críticas
A cena foi filmada numa clínica na Suíça onde vários britânicos se têm deslocado por o suicídio assistido ser ilegal no Reino Unido, como foi o caso de Peter Smedley, um empresário que fez fortuna no sector hoteleiro e que há alguns anos descobriu sofrer de uma doença neuronal motora. Christine, que estava presente quando o marido morreu em Dezembro, disse que a decisão foi tomada para evitar uma morte prolongada. "Era o que ele pretendia, mas nunca se sabe se se vai ter coragem para o fazer", admitiu. Porém, contou que "assim que lá chegou sentiu que precisava de ir", tendo morrido após ingerir uma série de substâncias tóxicas providenciadas pela clínica suíça.
O documentário é conduzido e protagonizado pelo escritor Terry Pratchett, que se questiona sobre o direito de pôr fim à vida após ter tido conhecimento de que sofre de uma variante rara da doença de Alzheimer. Recentemente confessou estar indeciso e disse que ainda não o fez porque teve de terminar o documentário e ainda tem um livro por acabar. A transmissão na estação pública de um suicídio assistido, que foi mostrado pela primeira vez na televisão há três anos atrás num canal da rede de cabo Sky, é motivo de críticas de várias organizações contra a eutanásia. O Christian Legal Centre acusa a BBC de ter transmitido "cinco programas desde 2008 retratando o suicídio de forma favorável", afirma, num comunicado hoje divulgado.
Outra organização, a Care Not Killing, considerou a cena uma "infracção das normas, tanto da BBC, como internacionais sobre o suicídio e defendeu que pode encorajar mais casos entre aqueles que estão doentes, idosos ou deficientes". O antigo bispo de Rochester, Michael Nazir-Ali, escreve hoje no diário Times que o documentário oculta a dor e dilemas do suicídio assistido. No texto, descreve a morte que hoje será vista como "trapalhona, com o homem a morrer engasgado e a pedir água e o pedido a ser recusado por aqueles que o ajudavam a morrer".