Bauhaus emergiu entre duas guerras mundiais como maior escola de artes do século XX
Passados 100 anos, o legado da Bauhaus continua presente na arquitetura e nos mais simples objetos do quotidiano, mas também em peças que atingem hoje valores incomportáveis para a grande maioria da população, sejam de design ou pintura.
Criada em abril de 1919 pelo arquiteto alemão Walter Gropius, a escola acabaria por ser encerrada 14 anos depois pelo regime Nazi, para o qual o modernismo espalhava ideias esquerdistas.
Na sua curta existência, a Bauhaus seria responsável por alterações nos mais variados padrões, procurando integrar homens e mulheres em pé de igualdade e promovendo uma aproximação à indústria que massificasse a arte, tornando-a acessível a todos.
De Weimar, a escola seria transferida para Dessau e acabaria em Berlim.
O percurso da Bauhaus ("casa da construção", numa tradução literal) ficaria marcado não só pelas circunstâncias políticas e geográficas, mas pelos diferentes perfis dos seus diretores, mestres ou instrutores, e das conceções artísticas de cada um.
Gropius pretendia "desenvolver o homem inteiro", a união entre o artista e o artesão.
"Não há nenhuma diferença essencial entre artista e artesão. O artista é uma elevação do artesão. A graça divina, em raros momentos de luz que estão além da sua vontade, faz florescer inconscientemente obras de arte, entretanto, a arte do saber fazer é indispensável a todo o artista. Aí se encontra a fonte de criação artística", escreveria no Manifesto Bauhaus em abril de 1919.
Defendia também a reprodução industrial dos objetos produzidos na Bauhaus. Outros professores teriam conceções mais herméticas da arte.
Os alunos eram estimulados a usar materiais inovadores e a refletirem sobre a produção e o design num contexto de industrialização.
Os pintores Paul Klee, Wassily Kandinsky, Johannes Itten e László Moholy--Nagy lecionaram na Bauhaus, entre outros artistas. As suas obras atingem hoje valores na ordem de milhões de dólares.
O encerramento da escola na Alemanha acabaria por ditar a expansão para o mundo, a partir dos EUA, onde Gropius e vários artistas se refugiam do regime Nazi. O arquiteto Mies van der Rohe, outro dos principais nomes da Bauhaus, instala-se também em Chicago.
Da Europa ao Médio Oriente, passando pelo continente americano, as construções inspiradas no estilo Bauhaus estão hoje presentes em vários pontos do globo.
A capital do Brasil, Brasília, e a "Cidade Branca" de Telavive, em Israel, são exemplo da influência Bauhaus fora da Europa.