Batalha de Aljubarrota. Centro de Interpretação quer triplicar número de visitantes

No momento em que comemora mais um aniversário da efeméride, o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota tem um objetivo ambicioso: passar dos 35 mil para os 100 mil visitantes por ano. Os jovens e os seniores estão na mira da Fundação que o lidera.
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A comemoração dos 638 anos da Batalha de Aljubarrota, que acontece hoje no Centro de Interpretação (CIBA), em São Jorge, no concelho de Porto de Mós, será o primeiro grande evento do novo Conselho de Administração da Fundação Batalha de Aljubarrota, que pretende dar uma nova vida àquele espaço, criado em 2002.

António Ramalho está desde junho à frente da fundação, sucedentro no cargo a Alexandre Patrício Gouveia. Ao DN, o novo titular da instituição criada por António Champalimaud garantiu estar empenhado neste "desafio da continuidade". Mas tem no horizonte um conjunto de iniciativas que apontam para a "consolidação da dimensão territorial deste espaço".

Para isso, aposta na criação dos roteiros da zona centro, que terão como elo de ligação o Mosteiro da Batalha ou o Castelo de Porto de Mós. "É importante darmos conteúdo aos turistas e todos os visitantes, para que possam avaliar todo o território".

Mas a grande aposta de António Ramalho prende-se com o envolvimento da sociedade civil, nas diversas dimensões: "A nossa intenção é trazer os valores de Aljubarrota para a sociedade contemporânea. E ter a ousadia de desafiar o improvavel".

A ideia é chegar mais próximo do público jovem e senior, criando a possibilidade de "tornar este campo no centro de debate, e por que não de investigação". O objetivo está identificado e parece-lhe possível alcançar: "Atualmente temos 35 mil visitantes por ano. O que pretendemos é atingir os 100 mil".

Entretanto, estão em marcha vários protocolos com diversos municípios do país (com destaque para Trancoso e Fronteira), com vista à valorização de cada uma das batalhas que conduziram à independência.

Paralelamente, foi também assinado um acordo com o município de Barcelos, parceiro na realização do filme sobre a vida de Nuno Álvares Pereira. "Estamos a iniciar a rodagem do filme - curiosamente com os mesmos atores que já tinham feito um outro, sobre a batalha, há cerca de 15 anos. O filme vai permitir fazer uma análise da vida dele, que é um dos principais protagonistas da nossa história", afirma o presidente do Conselho de Administração.

A batalha de 14 de agosto de 1385 "foi particularmente importante para independência portuguesa. E por isso é importante evocá-la, sempre. Houve um desequilíbrio de forças de 1 para 4. E teve caraterísticas próprias: o heroísmo, a preparação no terreno de uma estratégia muito defensiva, da Infantaria sobre a Cavalaria. E foi, no fundo, a validação militar de uma dinastia [de Avis], e a legitimidade do que veio a tornar-se o tratado do Windsor, que criou a aliança diplomática mais antiga do mundo", sustenta António Ramalho. De resto, "é a primeira data que os portugueses relembram na sua história". "Teve um valor muito especial para o que veio a ser Portugal como o conhecemos hoje", frisa.

Do conjunto de iniciativas lúdicas que integram o programa desta segunda-feira consta a recriação medieval da promessa de D. João I e a entrega de prémios "à juventude que participou no concurso de pintura". Uma exposição de viaturas do exército português estará patente no CIBA, que nesse dia abre as suas portas gratuitamente a todos.

Desde que em 2002 se iniciou o processo de recuperação e valorização do campo de São Jorge, a Fundação Batalha de Aljubarrota verificou "que o elemento decisivo para o sucesso da salvaguarda deste património era a criação de um Centro de Interpretação, que apresentasse a Batalha de Aljubarrota ao público, de uma forma rigorosa, instrutiva e cativante". E assim, com o apoio dos Ministérios da Cultura e da Defesa Nacional, a fundação transformou o antigo Museu Militar no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA).

Tratou-se, à época, de um projeto inovador que, tirando partido das novas tecnologias, relançou este conjunto patrimonial, abrindo-o ao público. E assim passou a ser possível oferecer aos visitantes mais capacidade e melhores condições. O Centro dispõe de uma área útil de 1908 m2 distribuídos por uma área expositiva (com 900 m2), que integra dois núcleos dedicados à Batalha de Aljubarrota, à época em que se inseriu e às descobertas arqueológicas no campo de batalha; e um auditório para projecção de um espectáculo multimédia que reconstitui a Batalha e os eventos que a originaram. Junta-se uma área dedicada a serviços educativos, com um programa dirigido não só a escolas, mas a outros grupos, visitantes individuais e famílias, além da área de exposições temporárias. Uma loja, cafetaria e um parque de merendas fazem parte do complexo.

Este Centro de Interpretação "foi também desenhado para permitir uma relação cada vez maior com a paisagem circundante, que se pretende progressivamente recuperada e tanto quanto possível próxima da existente em 1385", refere o diretor, Tiago Paz. Deste modo, "os visitantes têm a possibilidade de percorrer o campo da Batalha de Aljubarrota e de conhecer os factos mais importantes. Estes pontos incluem os locais onde se encontravam inicialmente o exército português e o exército franco-castelhano; o local onde se posicionou Nuno Álvares Pereira, D. João I, os arqueiros ingleses e a ala dos namorados; a posição dos trons (bombardas) utilizados pelo exército castelhano, da cavalaria castelhana, do Rei Don Juan I, etc. Inserido neste conjunto patrimonial requalificado, encontra-se ainda a Capela de São Jorge, mandada construir por Nuno Álvares Pereira em 1393".

Na sequência de um protocolo realizado com a DGPC, o Centro de Interpretação trabalha em articulação com o Mosteiro da Batalha, de forma a proporcionar aos visitantes uma oferta integrada, que permita um conhecimento mais completo dos eventos que rodeiam a Batalha de Aljubarrota. Entretanto, outros monumentos vão juntar-se em roteiro.

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