Base militar nas ilhas Chagos protege mundo contra ameaça terrorista -- Londres

A base militar nas ilhas Chagos (Oceano Índico) permite proteger o mundo contra a ameaça terrorista, reagiu hoje a diplomacia britânica, após o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ter pedido esta segunda-feira o fim da administração britânica daquele arquipélago.
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"As instalações de defesa no território britânico no oceano Índico ajudam a proteger as pessoas aqui no Reino Unido e em todo o mundo contra as ameaças terroristas, o crime organizado e a pirataria", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.

O TIJ negou hoje a reivindicação da soberania sobre o arquipélago de Chagos pelo Reino Unido, confirmando que o território faz parte das Ilhas Maurícias, antiga colónia britânica e que é independente desde 1968.

"O Reino Unido é obrigado, o mais rapidamente possível, a pôr termo à sua administração do arquipélago de Chagos, o que permitirá às Maurícias concluir a descolonização do seu território", declarou o juiz presidente do TIJ, Abdulqawi Ahmed Yusuf, num parecer não vinculativo.

"Trata-se de um parecer consultivo, não de uma deliberação", frisou o mesmo porta-voz da diplomacia britânica.

Este arquipélago está no centro de uma disputa que dura há cinco décadas, desde a decisão britânica de separar as ilhas Maurícias daquele arquipélago em 1965 e estabelecer uma base militar conjunta com os Estados Unidos (EUA) na ilha principal e maior, chamada Diego Garcia.

O Reino Unido retirou cerca de 2.000 habitantes para as ilhas Maurícias e Seychelles, também no Oceano Índico, para instalar a base, que desde então tem desempenhado um papel fundamental nas operações militares dos EUA.

"O tribunal considera que essa separação não se baseou na expressão livre e genuína da vontade das pessoas envolvidas", justificou o juiz do TIJ.

O presidente do grupo de refugiados das ilhas Chagos, Olivier Bancoult, classificou o parecer do TIJ como "uma grande vitória sobre uma injustiça cometida pelo governo britânico".

"Sofremos durante vários anos", acrescentou o representante.

O primeiro-ministro das Maurícias, Pravind Jugnauth, também referiu que o parecer é um "momento histórico" para aquele arquipélago e para o respetivo povo, incluindo as pessoas provenientes das ilhas Chagos "impedidas de regressar durante meio século".

"Vamos recuperar a nossa integridade territorial" e as pessoas das ilhas Chagos e os respetivos descendentes "finalmente poderão regressar a casa", acrescentou Pravind Jugnauth.

O Reino Unido admite ter assumido o compromisso de abdicar de Chagos, mas apenas quando o arquipélago não for necessário para fins de defesa, o que alega que foi negociado com as autoridades das Ilhas Maurícias.

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