Barclays só aceitou cancelar contratos para não entrar em conflito com Estado
"Não havia nenhuma razão para cancelarmos os 'swap'", disse hoje o responsável do Barclays Portugal Rogério Alexandre na comissão de inquérito a estes derivados financeiros contratados por empresas públicas, acrescentando que esta foi uma das decisões da sua carreira "mais difíceis de explicar" às chefias.
Segundo os documentos enviados à comissão de inquérito, a que a Lusa teve acesso, o Estado português pagou 138,5 milhões de euros em termos líquidos ao Barclays para cancelar os contratos 'swap' que este tinha com as empresas CP - Comboios de Portugal, Metro de Lisboa e Refer.
O responsável em Portugal do Barclays Investment Banking disse que, apesar de estar a ter lucros com esses contratos, o Barclays tomou essa decisão devido ao "compromisso que tem com o Estado Português" já que está há 30 anos em Portugal, é um dos bancos que transaciona diretamente dívida pública com o Tesouro português ('primary dealer'), sendo que ainda no início do ano colaborou na ida aos mercados de Portugal.
"Um banco que tem este tipo relacionamento com o Estado não fazia sentido entrar em litígio a não ser que quiséssemos romper a nossa relação", afirmou Rogério Alexandre.
O responsável do Barclays disse ainda que o banco que dirige não foi um dos que ameaçou cancelar os contratos 'swap' que tinha com as empresas públicas, em 2011, perante as várias descidas do 'rating' de Portugal.
Em abril deste ano, o Barclays aceitou cancelar oito operações 'swap' com o Metro de Lisboa, tendo a empresa pago ao banco 144,5 milhões de euros, enquanto a CP pagou 2,467 milhões de euros para fechar o único 'swap' que tinha com o Barclays.
Já a Refer cancelou três operações, mas como estas tinham valor positivo a empresa recebeu do banco 8,5 milhões de euros.