Bárbara Tinoco: "A comparação para mim é o pior inimigo de um criador"
"Estão preparados rapazes?", lança Bárbara Tinoco. Para falar sobre o seu novo trabalho a cantora de 24 anos decidiu reunir em estúdio os produtores João André, Feodor Bivol, Rui Pedro Pity e Charlie Beats para dar a ouvir as canções e falar sobre cada uma delas.
O novo disco, Bichinho, é lançado esta sexta-feira, 21. E no sábado, 22, Bárbara Tinoco sobe ao palco do Campo Pequeno, para um concerto que já se encontra esgotado. A 12 de outubro de 2024 já tem presença confirmada na Altice Arena, a maior sala de espetáculos do país.
A cantora acredita que as coisas acontecem quando e porque têm de acontecer. "Eu justifico o meu sucesso com o meu trabalho, o da minha equipa e as pessoas que gostam de nós. Porque eu podia ter este trabalho todo, nós podíamos estar aqui a fazer e a sonhar, mas se não houvesse ninguém a ouvir a minha música eu ia tocar para dez pessoas. A minha mãe incluída e não significava nada", explica. "Isto que me está a acontecer é fruto de muito trabalho, tanto meu como da minha equipa - equipa de estúdio, de estrada, de management, booking e agenciamento."
"Emolduro a minha vida em canções", continua. Todas as músicas, excepto o Ai Ai, que é sobre o tema da violência doméstica, são biográficas. "Todas as canções são uma memória minha ou alguma coisa que eu quis eternizar", explica a compositora. Este disco chama-se Bichinho por diversas razões. "Eu achei que era a palavra que melhor reunia os dois universos do disco, que é o amor e o desamor", conta. Depois de terminar uma relação Bárbara adotou três gatos. "Só não adotei mais porque não me deixaram", graceja. "Mais ou menos na mesma altura comecei a namorar com o Feodor e como eu tratava os gatos por "bichinho" comecei a chamá-lo a ele também, tornou-se assim na alcunha dele", recorda.
A primeira música que fizeram para o disco também tem este nome. "Eu fiz para oferecer ao Feodor ", conta ainda a cantora e compositora.
Antes de começarem a namorar afirma que estava numa fase triste e deprimida em que não acreditava no amor, como se pode ouvir na canção Chamada Não Atendida (também presente neste disco). E quando começaram a relação decidiu que " que queria emoldurar aquele sentimento". "Isto é como eu me quero lembrar sempre de ti, ou seja, se as coisas acabarem, quando ficarmos amargos, quando nos odiarmos, quando deixarmos de ser amigos, e quando eu já não te ligar a perguntar se estás bem, isto é como eu me quero lembrar de ti", explica, sentada junto a Feodor.
"Este é o primeiro projeto onde o Feodor produz. Fomos viver juntos e eu no aniversário dele ofereci-lhe um estúdio na nossa casa. Eu fiz o estúdio dos "bichinhos" e ele começou a produzir. Ele produziu a primeira e a última canção - por acaso tem graça, mas foi sem querer", explica.
Este disco é inspirado nas suas vivências. "Eu quis escrever sobre a minha adolescência, sobre a minha vida, sobre quem é que sou, de onde é que eu vim, para onde é que eu quero ir e escrever", revela. "Linha de Sintra é sobre a minha adolescência e sobre o que é viver naquela zona, mas é muito feliz. O compromisso foi sempre ser estupidamente honesta e tentar não romantizar nem hiperbolizar muito porque a minha vida foi feliz", confidencia.
O processo de criação não foi fácil. "Este disco foi feito com base em todas as minhas inseguranças. Estive muito tempo sem conseguir escrever canções. Há uma música que fala disso". "Mas aprendi uma grande lição a fazer este disco. Acho que nunca mais me vai voltar a acontecer porque eu gosto mesmo de fazer canções. Eu divirto-me. A comparação para mim é o pior inimigo de um criador", conclui.
Para o futuro, Bárbara já tem alguns projetos que ainda não pode revelar. "Ainda há imensas coisas que quero concretizar. Quero muito fazer um musical. Compor a música e possivelmente interpretar. Vou gravar uma música popular portuguesa com a Rosinha. Que era uma coisa que eu queria fazer. E concretizou-se. A Rosinha aceitou gravar a minha canção. Entretanto transformei isso num projeto muito divertido que não posso dizer. Mas estou muito entusiasmada com esse projeto. Gostava de fazer mais discos. Vou fazer um Altice. Gostava de um dia escrever um livro. Adoptar mais um gato", sorri.