Banca nacional é a sétima mais rentável da Europa ocidental

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A banca portuguesa é das mais rentáveis da Europa ocidental, mas é a segunda pior em termos de rácios de solvabilidade. Esta é a principal conclusão que se retira dos dados estatísticos compilados no re-latório sobre a Estabilidade Finan- ceira Global, publicado pelo Fun- do Monetário Internacional (FMI).

No final do ano passado, Portugal surgia no sétimo lugar no ranking dos países cuja banca apresenta taxas de rendibilidade dos capitais próprios (return on equity ou ROE), com um ROE de quase 17%, idêntico ao de Espanha. Só os sistemas bancários da Islândia, do Luxemburgo, da Irlanda, da Bélgica, da Noruega e da Suécia são mais lucrativos do que o português.

O nível de rendibilidade dos bancos nacionais fica claramente acima do que é apresentado pela banca de economias mais desenvolvidas e que apresentam taxas de crescimen- to superiores. Apesar de operarem nas maiores economias da Euro- pa ocidental, os sistemas bancários da Alemanha, Reino Unido e França - que registam ROE de 3,5%, 11,8% e 11,9%, respectivamente - são menos lucrativos do que o português.

Apesar de se encontrar acima do meio da tabela no que diz respeito à rendibilidade bancária, Portugal é o segundo pior país da Europa ocidental no que diz respeito à solvabilidade bancária. O peso do capital regulamentar nos activos de risco ponderado é de apenas 11,3% na banca portuguesa - ainda assim, está claramente acima do mínimo de 8% exigido pelo Banco de Portugal.

Apenas o sistema bancário da Suécia apresenta um nível de solvabilidade inferior ao português, já que os seus rácios de capital se fixavam em 9,9% no final do ano passado. Os restantes 17 países da Europa ocidental apresentam uma situação mais confortável em termos de solvabilidade.

Este facto não será alheio às reestruturações levadas a cabo nos últimos anos e que, em parte, visam preparar a entrada em vigor das novas regras de requisitos de capital (Basileia II), que entram em vigor no início do próximo ano. Tendo em conta que o novo normativo penaliza os activos de maior risco, nos últimos exercícios, a banca europeia optou por reorientar estratégias.

Focalização nas actividades core, alienação de activos não estratégicos, aposta no segmento de retalho e maior cautela na concessão de crédito a pequenas e médias empresas foram algumas das medidas adoptadas com o objectivo de fazer uma gestão mais eficiente do capital dos bancos. Em resultado destas estratégias, uma grande parte da banca europeia ficou com excesso de liquidez, traduzida em níveis de solvabilidade elevados, que tenderá a ser aplicada em movimentos de consolidação, como aconteceu recentemente em Itália, com a fusão do Banca Intesa com o Sanpaolo. Outro dos rankings em que Portugal está mal posicionado é no dos países com maior crédito malparado. O crédito vencido pesa 1,6% na carteira do conjunto do sistema bancário nacional, o sexto mais elevado do universo em análise. Apenas a Itália (6,3%), a Grécia (5,5%), a Alemanha (4,8%), a França (3,5%) e a Bélgica (2%) apresentam um nível mais alto.

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