Azeites de origem portuguesa chumbam em testes no Brasil

Cinco marcas brasileiras de azeite português não são boas para consumo, diz associação de defesa do consumidor local. Fica por saber se a fraude vem da origem ou do engarrafamento
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As marcas Figueira da Foz, Torre de Quintela, Pramesa e Lisboa, todas de empresas brasileiras mas com a inscrição "azeite português" no rótulo, foram consideradas adulteradas e impróprias para consumo numa análise da Proteste, associação de defesa dos direitos dos consumidores brasileiros. A Proteste não conseguiu determinar se a falsificação vem da origem, ou seja, de Portugal, ou do engarrafamento, processo efetuado já no Brasil.

De um total de 24 marcas testadas, 16 foram aprovadas. Das outras oito, aquelas cinco apresentam irregularidades na fórmula, uma, a Beirão, não é extravirgem como afirma o rótulo, e duas ganharam ação judicial que impede a Proteste de divulgar o seu nome.

"Os azeites foram comprados anonimamente nas lojas e o laboratório, com sede em Portugal, que efetua as análises é credenciado pelo Ministério da Agricultura do Brasil e pelo Conselho Oleícola Internacional", explicou ao DN Juliana Dias, representante da Proteste no Rio de Janeiro. "No teste são analisadas rotulagem, acidez, conservação, qualidade, fraudes, e ainda se faz uma análise sensorial", diz.

Nos azeites Figueira da Foz, Torre de Quintela, Pramesa e Lisboa foram detetadas fraudes na fórmula, como a inclusão de óleo de sementes, além da classificação errónea "extravirgem", quando o correto seria "lampante". O Beirão diz-se extravirgem, mas é virgem. "A Proteste não recomenda aqueles cinco azeites para consumo humano, no pão ou em saladas, por exemplo, e não recomenda a compra do Beirão pois o consumidor estaria a adquirir um produto sem as características indicadas no rótulo", diz Juliana Dias.

O tema da qualidade dos produtos alimentares está na ordem do dia no Brasil após a operação Carne Fraca, da polícia federal, ter detetado um esquema de corrupção na fiscalização de empresas de carne.

Contactada pelo DN, a Natural Alimentos, empresa de que faz parte o azeite Lisboa,desvalorizou o teor da pesquisa da Proteste: "A Natural Alimentos não foi notificada pela Proteste dos testes realizados e está a entrar com uma ação judicial para retirar o nome da empresa na reportagem, já enviámos a amostra de contraprova para o laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para analisarmos os resultados laboratoriais apresentados."

À imprensa, a Olivenza, empresa que comercializa o Torre de Quintela, enviou nota a informar que vai "analisar o lote em causa e verificar o ocorrido para que este tipo de imprevisto não volte a ocorrer".

O DN tentou mas não conseguiu obter reações das empresas Parada e Antares, fabricantes respetivamente dos azeites Figueira da Foz e Pramesa. E também não obteve resposta da Casa do Azeite - Associação do Azeite de Portugal.

Referência positiva - as melhores na relação qualidade-preço - tiveram as marcas Carrefour Discount e Andorinha, de azeite português, O-live (chileno), Qualitá e Filippo Berio (italiano)e Carbonell (espanhol).

O azeite é o produto que Portugal mais exporta para o Brasil e correspondeu, em 2016, a 140,5 milhões de euros, menos 5,7% do que no ano anterior. O mercado brasileiro é responsável por cerca de um terço das exportações totais de azeite e que, no ano passado, ascenderam a 412,6 milhões, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas. Com Ilídia Pinto

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