Avós do século XXI
Paula Tomaz, 50 anos (Tiago, 4 anos)
«Sou a avó mais galinha do mundo»
Há um ritual que Paula Tomaz, a «avó mais galinha do mundo», gosta de celebrar com o neto depois da escola: bolo e chá. «Quando vou buscá-lo ele pede-me logo para irmos comer o bolo e o chá ou o chá e a torradinha. Criámos este hábito há algum tempo e ele adora. Além disso, é a altura em que ele me conta como foi o dia, o que fez na escola», conta entusiasmada. O ritual fez que Tiago se apaixonasse por chá e já seja um adepto da bebida. Aliás, a relação entre esta técnica laboratorial na área da biologia e o neto passa muito por experimentar novos sabores e saber pô-los em prática na cozinha. «Eu gosto muito de cozinhar e incentivo-o sempre a participar na preparação de uma refeição. Ponho-o a descascar favas, ervilhas, alhos… Ele gosta muito de ajudar, nem que seja a mexer a colher enquanto faço bolos ou gelatina», diz.
Como é macrobiótica, Paula tem hábitos alimentares diferentes e o neto já é adepto de algumas iguarias deste tipo de alimentação. Aos 4 anos, Tiago já prefere um prato de arroz integral a um prato de massa, já se delicia com puré de lentilhas ou açorda de espelta, já conhece bem o sabor do bulgur e do millet, e é fã do pão de cereais que a avó Paula faz em casa. «Não é só por ser macrobiótica, sempre tive muitos cuidados alimentares e, naturalmente, tento transmiti-los ao Tiago», esclarece. E acrescenta: «Quando o ritual do bolo ou da torradinha é em casa, ele já me pede a manteiga de amendoim em vez de manteiga amarela, como ele chama à manteiga convencional. E depois diz-me sempre “Tu não gostas nem tens da outra, pois não?”»
Mas não é só na cozinha que Paula e Tiago criam laços que, certamente, durarão para toda a vida. Com um enorme gosto pela dança, esta técnica do Infarmed já gosta de ensinar passos arrojados ao neto. Quando Tiago tinha pouco mais de dois anos, a avó comprou o DVD do Pigloo, aqueles pinguins meio jamaicanos que cantavam músicas cheias de ritmo e tinham coreografias extremamente divertidas. Claro que não foram precisas muitas horas a olhar para a televisão para ambos ficarem a saber de cor e salteado todos os passos: «Temos uma relação maravilhosa. Brincamos, dançamos muito, divertimo-nos bastante quando estamos juntos.» E quando não há passos de dança para ensinar, há os de pilates, ginástica que a avó pratica. «Ele já sabe fazer a estrela e relaxamos juntos na bola gigante que tenho em casa.» E há outra técnica de relaxamento que Paula gosta de pôr em prática com Tiago: a terapia do riso. Um solta uma gargalhada, o outro responde com outra gargalhada, e assim descomprimem dos problemas ou momentos menos bons do dia-a-dia.
Avó babada, Paula Tomaz fala com orgulho do vocabulário extremamente vasto que o neto já tem e não esconde a vaidade de saber que também contribui para isso: «Gosto muito de lhe ensinar palavras novas e de lhe explicar o significado. Depois, quando o oiço a aplicá-las devidamente é muito gratificante.» Ver um miúdo de 4 anos a falar em mazelas, a dizer que está confortável ou que quer ficar mais aconchegado é, realmente, de deixar qualquer um de sorriso nos lábios. «É uma criança muito especial», revela. E não será a avó também especial? «Não tenho nenhum truque para manter esta energia e boa disposição. Durmo as horas devidas, não fumo, não bebo, faço exercício físico. E, acima de tudo, gosto de viver e não perco tempo a pensar porque estou assim!»
Nota-se perfeitamente que ser avó mudou bastante a vida de Paula. «Quando a minha filha me disse que estava grávida senti uma alegria inexplicável, associada a uma preocupação enorme pelos perigos que existem hoje na nossa sociedade», assume. Mesmo assim, a preocupação não retirou beleza ao dia em que o neto nasceu: «Estava profundamente emocionada. Assim que o vi na maternidade, através do vidro, chorei, ri, chorei, ri…» E, apesar de achar que ser mãe é um momento único que todas as mulheres deveriam ter, não esconde que vê mais vantagens na relação entre avó e neto do que na de mãe e filho. «Ser avó é ser duplamente mãe, mas com algumas vantagens: tenho um papel mais lúdico e, talvez pela idade, sinto-me mais descontraída.» Mesmo assim, afirma que se é mãe galinha ainda é mais avó galinha. «Sou a avó mais galinha do mundo!» Os pintainhos agradecem…
Amélia Figueiredo, 65 anos (Mariana, 7 anos)
«Quero que ela sinta a vida como uma felicidade imensa»
Durante o dia, Amélia Figueiredo é a directora do externato A Minha Escola e Mariana é uma das alunas. Não escondem que são avó e neta, mas é quando o dia de trabalho chega ao fim que põem em prática aquilo que mais gostam de fazer juntas: desporto. «Quando saio da escola vamos regularmente para a praia ou fazer uma caminhada à beira-mar a atirar areia e água uma à outra, ou eu levo a bicicleta e a Mariana os patins e ficamos a andar no paredão», revela. Para Amélia, este momento de descontracção é não só importante para fazer a reflexão do dia como para firmar laços com a neta: «O desporto é algo que nos une bastante. Ainda agora na viagem de fim de ano dos alunos que vão sair da escola a levei comigo e divertimo-nos bastante.» Juntas fizeram escalada, tiro ao alvo e até uma caminhada nocturna: «Andámos cerca de hora e meia a pé e quando ela já não aguentava levei-a às cavalitas.» Isto dito assim até parece que nem estamos a falar de uma mulher de 65 anos. A verdade é que o bilhete de identidade revela mesmo essa idade, mas a aparência e o espírito mostram outra: «Ainda sou muito pequenina. Sinto-me muito jovem. À minha volta tenho de ter gente, barulho, confusão. Não gosto nada de silêncio!»
Por isso, na casa onde agora também vivem a neta e a filha há sempre muito movimento. No quarto há uma bicicleta para fazer exercício físico, na sala a aparelhagem está por diversas vezes ligada e Amélia e Mariana ensaiam novos passos de dança, na cozinha também há sempre uma grande movimentação. Amélia Figueiredo é uma avó que não consegue estar parada, mas que também gosta de momentos mais íntimos com Mariana: «Sempre lhe li muito, mas agora que ela já sabe arranjámos uma nova forma: eu leio uma frase e ela lê outra. A Mariana adora poesia e rimas, tal como gosta de agrupar números e fazer contas de cabeça.» A ligação entre as duas é de tal forma forte e cúmplice que até dormem na mesma cama e têm um ritual só das duas: Mariana nunca adormece sem a companhia da avó e, muito menos, sem se benzerem e fazerem juntas a oração. «Ela só faz isso comigo, com a mãe não pede nada disso», conta. É também com a avó que partilha certas ideias e que diz coisas que nem à mãe confessa: «A Mariana é muito nova, mas tem uma grande maturidade. Às vezes temos conversas fantásticas. Quero que ela sinta a vida não como um peso, mas como uma felicidade imensa.»
E, acima de tudo, Amélia quer contribuir para essa felicidade. «Ser avó é ainda melhor do que ser mãe. Como avó dou aos netos o tempo que gostaria de ter dado aos meus filhos. A minha neta adora-me e acompanha-me em todas as facetas de loucura da minha vida.» O facto de ter visto Mariana nascer talvez tenha contribuído para esta relação ser de pedra e cal. «Assisti ao parto, nos primeiros 15 dias da vida dela fui eu que dormi com ela, quando a Mariana acordava levava-a ao quarto da minha filha para ela comer e depois adormecia-a. Há uma cumplicidade muito grande entre nós, temos uma relação muito forte.» E como se trata de uma relação entre duas mulheres, o tema roupa também é discutido lá em casa: «Ela não me dá hipóteses de escolher a roupa dela, já sabe muito bem o que quer vestir, mas ajuda-me imenso a escolher a minha roupa. Todos os dias lhe pergunto se estou bem, se devia ir com estes ou com outros sapatos e ela já me dá a opinião e já diz que devia ir de tal forma. É muito engraçado.»
Amélia Figueiredo sempre foi uma avó cheia de energia e boa disposição. «Quando ela era pequena eu fazia tudo. Gatinhava, subia às mesas e às cadeiras, fazia tudo o que os pais não permitiam», revela, divertida. Hoje sobe às árvores e se for preciso ainda dá uns toques na bola, arte que aprendeu quando fez parte de uma equipa feminina de futebol. «Não penso na velhice, a única coisa que me assusta na vida é deixar de ter esta agilidade. Não penso sequer em parar.» Afinal ainda há tanta praia para descobrir com Mariana, tanto desporto para fazer, tantos passos de dança para ensaiar. Parar? Isso é morrer! E ainda há outro neto acabado de nascer que precisa de companhia para jogar à bola e trepar às árvores!
Luís Miguel Coelho, 59 anos (Afonso, 3 anos)
«É uma obra, um pouco de nós que está ali»
Mal nasceu, Afonso não teve outra hipótese senão apaixonar-se imediatamente pelo golfe. A culpa foi do avô, um ferrenho praticante deste desporto. «No dia do nascimento, entre outros presentes, oferecemos-lhe um set completo e verdadeiro de que começa agora a tirar algum partido. O Afonso adora bolas e paus, como ele chama a quase tudo o que é comprido…» E como de pequenino é que se torce o pepino, Afonso até já demonstra alguma perícia na arte de dominar o taco: «O Afonso tem, desde os 2 anos, uma boa coordenação de movimentos e uma boa relação com as bolas, sejam elas quais forem. Começámos a comprar-lhe tacos de plástico, mais fáceis de manobrar e menos perigosos, e a levá-lo a alguns campos de treino. Foi amor à primeira vista. Tem um swing muito natural e uma noção razoável do jogo. Já aprecia algumas transmissões.» Agora, o que Luís Miguel mais quer é que a paixão do neto se mantenha para que em breve possa ter mais um parceiro de golfe.
Enquanto a técnica ainda não é perfeita, é a vez de o avô, de 59 anos, estar a par do que o neto mais gosta de fazer. Ao fim do dia, quando chega a casa e despe a função de presidente da DDB Portugal, uma empresa multinacional de publicidade, Luís Miguel suja as mãos a fazer bonequinhos de plasticina, mas também gasta energias a praticar outro desporto de que o neto gosta bastante: o ténis. «Jogamos ténis com balões e bolas de plástico e vemos alguns desenhos animados. A Vila Moleza é o mais recente. Outras vezes vamos ao centro comercial ao lado de casa andar nos carrinhos e aviões, para além de visitarmos a loja dos animais, de que o Afonso muito gosta.» E se agora Luís Miguel fica embevecido a falar do neto, ao princípio ainda houve um período de adaptação à sua nova condição: ser avô. «Quando o Afonso nasceu senti-me um pouco como o Fernando Pessoa quando fez o slogan para a Coca-Cola: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.» E foi talvez esse sentimento «estranho» que o fez demorar a interiorizar a palavra avô: «Engraçado, no princípio, quando dizia “Afonso, olha o avô”, achava que estava a falar mais do meu pai. Era uma palavra pouco interiorizada. Agora não. Sei que sou eu o avô!» E três anos depois nem essa estranheza faz que se tenha esquecido do dia em que o viu pela primeira vez. «Recordo-me de uma ansiedade grande e de o tempo nunca mais passar. Recordo-me de o ver junto à mãe, minha filha, e de uma enorme sensação de alívio, por verificar que tudo estava bem. Recordo-me dos amigos presentes e do jantar a falar da nova condição: ser avô!»
Para Luís Miguel Coelho ser pai tem o mesmo encantamento que ser avô. São duas das fases com mais importância na vida de um homem e, por isso mesmo, têm um sabor especial: «Ser pai e avô são duas das mais importantes e consequentes etapas que temos na vida. Vencê-las, nos tempos próprios, é uma realização. Ambas requerem tempo, alguns sacrifícios e muita dádiva. Ambas, quando tudo corre bem, são fontes permanentes de satisfação e de algum egoísmo. Damos muito para que possamos receber muito também.» E apesar de se assumir apenas como um avô babado q.b., é com um brilho nos olhos que fala do seu papel na vida da filha e agora de Afonso. «É uma obra, sempre inacabada, e um pouco de nós que está ali! Todos os dias nos revemos e realizamos em ambas», assume e não esconde que como avô é capaz de dar mais do que, se calhar, deu como pai. Isto se falarmos na questão do tempo e, mais importante que tudo, na disponibilidade para as brincadeiras e disparates típicos de criança. E para manter a boa disposição e voltar a ser criança sempre que desaperta o nó da gravata quando chega a casa, Luís Miguel tem truques infalíveis: «Gostar do que faço, da família, dos amigos, do que tenho. Gostar de mim, porque só assim posso gostar dos outros. Dar, para poder receber. Ter tempo para usufruir do tempo que tenho. E curtir o neto, claro.» Para além destes segredos, há aquelas técnicas que todos os médicos recomendam: fazer desporto. «Jogo golfe com os amigos às quartas-feiras. E agora, mais recentemente, ginástica e natação três vezes por semana, para que a minha querida hérnia de estimação me permita fazer o que gosto.» Não vá o Afonso ficar um profissional do golfe e não ter um parceiro à altura!
Maria da Graça Costa Pavão, 72 anos (Joana, 27)
«Tenho a sorte de ser a avó da Joana»
Mais do que avó e neta, Maria da Graça e Joana são amigas. Gostam de ir ao cinema juntas, a concertos, espectáculos e, acima de tudo, gostam de passar horas a conversar. «Falamos todos os dias e, pelo menos, duas a três vezes por semana encontramo-nos», explica Joana, actriz de profissão. E a avó acrescenta: «E o tempo que passamos juntas não é a ter conversa de chacha.» Falam de tudo, ou melhor, de quase tudo, «pois todos temos segredos», assegura a avó. Tema obrigatório acaba por ser sempre os livros. Apaixonadas por letras, gostam de recomendar uma à outra que obra devem ler a seguir – «estou ansiosa para ler o novo de Mia Couto», interrompe a avó para lembrar a neta que têm de ir procurar esse livro. E foi essa mesma paixão pelas letras, o gosto comum de pegar num papel e numa caneta e dar espaço à criatividade, que as levou à Escrever Escrever, uma escola onde, entre outros, se pode fazer um curso de Escrita Criativa.
A avó inscreveu a neta, a neta nem se surpreendeu de tal forma é normal fazer programas diferentes com a avó, e durante um mês, uma vez por semana, surpreenderam-se a escrever textos para a turma e uma para a outra. «Lembro-me de que a primeira vez que ouvi a minha avó a ler um texto lá no curso pensei: “Uau! A minha avó escreve mesmo bem!” Fiquei bastante impressionada. Não que eu não soubesse o jeito que ela tem para a escrita, mas conseguiu surpreender-me», assegura Joana. A avó também delirou por ter a neta ao lado: «Achei muita graça fazer este curso com a Joana e ouvir a óptica dela. Mas não descobri nada dela, conheço-a perfeitamente.» Joana é a mais velha de 11 netos e Maria da Graça não tem pudor em afirmar que ela é a sua preferida: «Mal a Joana nasceu tive logo uma paixão louca por ela. Tenho afecto por todos os meus netos, mas não acredito naquelas pessoas que dizem que gostam de todos da mesma forma. A Joana é uma pessoa muito rica interiormente, muito serena, muito bem estruturada, muito profunda», afirma. E o rol de elogios não fica por aqui: «Não gosto dela só por ser minha neta, gosto dela por ser a pessoa que é. Tenho a sorte de ser avó da Joana.» Ou será a Joana que tem a sorte de ser a neta de Maria da Graça? «Tenho muito orgulho na minha avó e acho fantástico ela ser uma mulher cheia de dinâmica. Desde pequena que tenho uma ligação muito forte com a minha avó. Temos um interesse muito grande pela vida uma da outra. Somos muito amigas.»
E para se perceber melhor o grau de jovialidade desta avó de 72 anos, reformada há dois, que fala connosco sentada numa poltrona da sua casa, pés pousados de forma descontraída, cabelo loiro, riso contagiante, roupa jovem e moderna, transcrevemos um episódio que se passou na universidade da neta de eleição. «Fiquei muito orgulhosa quando a Joana me levou à faculdade dela e se pôs a apresentar-me a todos os colegas de forma efusiva. “É a minha avó!”, dizia, cheia de alegria, a todos. E foi nessa visita que me apresentou um professor… Ah! Que brasa que era aquele homem! Mesmo giro! Fartei-me de elogiá-lo!» É assim, sem pudores, que se pautam as conversas entre estas duas mulheres. Há uma diferença de 45 anos entre elas, mas quase nem se dá por isso. A avó é mordaz nos comentários. Até naqueles que faz a antigos namorados de Joana. Conheceu-os a todos. Jantou com todos e arranjou uma descrição para quase todos. O blablá, o mais totó… Joana ri-se e não leva a mal. Afinal, sabe que o que a avó mais quer é vê-la feliz, como está agora, casada e com um filho de 2 anos nos braços: «A Joana é uma pessoa tão boa que em tudo o que ela gosta eu alinho. Tenho muito medo que ela não seja feliz.» É, aliás, neste e no aspecto culinário que Maria da Graça se comporta como as avós de antigamente. «A minha avó dá-me muitas dicas culinárias. Ela cozinha maravilhosamente bem. Até o simples ovo estrelado da minha avó tem um sabor especial. Ela faz tudo bem», elogia a neta.
Maria da Graça anda agora apaixonada pela fotografia e tem na cabeça a ideia de fazer uma exposição. «Se tem isso na cabeça, tem de fazer», incentiva Joana. Maria da Graça ri-se. Riso esse que só se desvanece quando fala da idade: «Tenho pena de já ter pouco tempo. Se fosse mais nova…» Mas depressa se dissipam esses pensamentos. Na hora da sessão fotográfica é ela a mais preocupada com a imagem. Tal como no dia-a-dia. «Tive toda a minha vida as lojas Migacho e, por isso, gosto muito de roupa e sou muito atenta à moda. A Joana não liga tanto», explica. As fotografias decorrem em clima de cumplicidade, de gargalhadas únicas que só elas percebem: «É uma avó muito companheira, a quem conto coisas que nem aos meus pais revelo. É uma avó com quem sei que posso sempre contar.» E para Maria da Graça os sentimentos são idênticos: «Sem sombra de dúvida, é uma pessoa com quem conto. Penso nela como uma amiga que sei que não me vai surpreender de forma negativa. Acima de tudo, somos amigas, confidentes. E a amizade é ainda mais rica do que o amor.» Fala a sabedoria dos 72 anos.