Avião despenha-se contra edifício de Nova Iorque
No mesmo dia 11, na mesma cidade dos Estados Unidos, o mesmo medo. Um pequeno avião embate num grande edifício e centenas de pessoas vão para a rua à procura da confirmação de atentado terrorista. Enquanto o 20.º andar de um prédio de luxo arde, o FBI diz que não há nada que confirme a hipótese de terrorismo. Mas a Casa Branca admite todas as hipóteses e a Força Aérea dá ordem para que sejam colocados caças a sobrevoar "numerosas cidades" do país. Duas horas depois a polícia informa que o proprietário do avião era Cory Lidle, co- nhecido jogador da equipa de basebol New York Yankees.
Eram 14.40 em Nova Iorque (19.40 em Lisboa) quando a aeronave - inicialmente descrita como "pequeno avião", depois como helicóptero e finalmente como um monomotor Cirrus SR-22 - chocou contra o edifício Belair, de 50 andares e 183 apartamentos, situado na rua 72, frente ao East River, em Manhattan, centro de Nova Iorque. Para além de Lidle - que só tinha 75 horas de voo -, também o instrutor que o acompanhava terá morrido no acidente. Não houve vítimas dentro do prédio.
A Administração Federal da Aviação (FAA) apressou-se a informar que o aparelho tinha autorização para voar no local, uma vez que se encontrava num corredor aéreo. Só que não estabeleceu contacto com os controladores aéreos e ninguém sabe explicar por que razão.
Faltam as razões do acidente
Alguns peritos avançaram, em debates televisivos lançados pelas principais cadeias de televisão dos Estados Unidos, que este tipo de aeronave tem um pára-quedas que pode ser activado pelo piloto em caso de acidente, o que não terá acontecido. De acordo com testemunhas, metade do aparelho caiu no chão no momento do embate. Foi, de resto, no local da queda que os documentos de voo de Cory Lidle foram encontrados pela polícia.
Em conferência de imprensa, o mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, lamentou o sucedido e as duas mortes, mas disse-se "orgulhoso" da resposta das autoridades, que terá sido "maciça, rápida e coordenada". De acordo com o mayor, uma chamada de emergência feita às 14.42 para o 911 terá dado o sinal aos bombeiros, que em pouco tempo isolaram a área e iniciaram o combate às chamas. Juntamente com os bombeiros compareceu no local a brigada antiterrorismo da polícia.
O regresso do fantasma
"Como é possível uma situação destas voltar a acontecer em Nova Iorque?" Foi esta a frase escolhida pelo pivot da CNN para fazer a abertura do telejornal. E terá sido também esta a pergunta que levou centenas de nova-iorquinos a correr para a rua 72 imediatamente a seguir ao choque do avião no edifício.
"Ouvimos um barulho, olhámos pelas janelas e vimos um pequeno avião a vir na nossa direcção. Fiquei tão assustado, mas embateu uns três andares abaixo. Depois ouvimos uma grande explosão, o edifício tremeu e começámos a correr para o elevador. Pensei que ia morrer e só pensava no meu filho", relatou um trabalhador do prédio à CNN.
"Toda a gente corria pela rua, os miúdos estavam a gritar e a chorar", contou um antigo repórter da revista Time à Fox News. "Houve um grande choque e terror quando o avião embateu", acrescentou, dizendo que tudo aquilo lhe lembrou o 11 de Setembro.
Um correspondente da AFP no local contou que as chamas escapavam de dois andares do edifício e que os destroços caíam para a rua muito tempo depois do embate. Sarah Steiner, uma testemunha, disse à CNN que "parecia que o avião tinha voado simplesmente para dentro da sala de estar de alguém".