A avaliação das unidades de investigação científica, que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF) e que mereceu duras críticas e acusações por parte da comunidade científica e uma ação em tribunal por parte do SNESup, o Sindicato Nacional do Ensino Superior, por "conter erros", tem agora um novo episódio, desta vez internacional. .A astrofísica espanhola Amaya Moro-Martin, que é investigadora no Space Telescope Science Institute e na John Hopkins University, nos Estados Unidos, publicou a 9 de outubro, na revista Nature um artigo de opinião sobre o futuro preocupante da ciência na Europa. Ali afirmou que no caso de Portugal, "poderão ser fechadas metade das suas unidades de investigação devido a erros no processo de avaliação por parte da Eurpean Science Foundation". Em resposta, o presidente da ESF, Jean-Claude Worms, enviou-lhe uma carta, intimando-a a retirar a a frase, sob pena de uma ação legal..Citada no Retraction Watch, um blogue internacional de referência na área da ciência, Amaya Moro-Martin, afirmou que a Nature lhe pediu para não comentar enquanto a própria revista não analisasse a questão..Entretanto, inúmeros cientistas portugueses e estrangeiros, colocaram comentários no artigo de Amaya Moro-Martin, mostrando-se indignados com a ameaça do presidente da ESF, defendendo a liberdade de opinião, reafirmando acusações de erros no processo de avaliação e desafiando a ESF a agir legalmente também nos seus casos..O blogue português de ciência De Rerum Natura, do qual o físico Carlos Fiolhais é um dos fundadores, também dá eco do caso e refuta a atitude da ESF..A avaliação dos 322 centros de investigação do País, cuja primeira fase ficou concluída há duas semanas, mereceu forte contestação por parte da comunidade científica, depois de se ter ficado a saber que uma das cláusulas do contrato com a entidade externa avaliadora, a ESF, era a de que metade dos centros não passariam à segunda fase da avaliação. 131 das unidades retidas decidiram recorrer e 10 acabaram por ser repescadas, podendo agora aceder à possibilidade de um financiamento de 400 mil euros por ano, durante os próximos cinco anos. Outras 11 vão integrar um grupo de cerca de 40 que ficarão com acesso a verbas para se reestruturarem