Autor do sequestro de Sydney é refugiado iraniano acusado de agressão sexual
Man Haron Monis é o responsável pelo sequestro que decorre há cerca de 15 horas em Sidney. Refugiado iraniano, acusado de agressão sexual e conhecido por enviar cartas de ódio aos familiares dos soldados australianos mortos em combate, Monis conseguiu manter-se oculto até agora desde o início do sequestro. À agência Reuters, fonte policial disse "não existirem razões" para que a polícia não identificasse o homem que mantém refém um número indeterminado de pessoas no interior de um café no centro da cidade australiana de Sidney. Os reféns foram obrigados a segurar junto das janelas uma bandeira islâmica. O incidente ocorreu por volta das 9.00 (hora local) desta segunda-feira, 22.00 em Lisboa.
Monis, também conhecido como Sheik Haron, foi acusado no ano passado de envolvimento no homicídio da sua ex-mulher, esfaqueada e queimada num apartamento em Sidney. Em 2012, foi considerado culpado do envio de cartas ofensivas e ameaçadoras às famílias de oito soldados australianos mortos no Afeganistão. Segundo a imprensa local, o iraniano escrevia em protesto pelo envolvimento da Austrália no conflito. Já este ano, segundo a agência Reuters, Monis - que se descreve como um "curandeiro espiritual", foi acusado de agressão sexual, num episódio que remonta a 2002.
Ativo nas redes sociais - a sua conta de Facebook foi fechada já esta segunda-feira, durante o sequestro, com mais de 14 mil "gostos" - Monis gere um site pessoal onde colocou imagens explícitas de crianças que, segundo informa, foram mortas pelos ataques aéreos norte-americanos e australianos. Mostra também a cobertura jornalística dos episódios em que foi obrigado a comparecer em tribunal, para sublinhar que era "perseguido" pelas autoridades, e inclui também comunicados dirigidos à comunidade muçulmana e ao primeiro-ministro australiano, Tony Abott. Man Haron Monis terá 49 ou 50 anos.
A polícia australiana estima que o número de reféns seja inferior a 30 pessoas. Ainda não existem números oficiais, mas os relatos da imprensa local apontam para que, pelo menos, 20 pessoas tenham sido feitas reféns. Outros testemunhos indicam, porém, que o número pode ascender a 50.
Cerca de sete horas após o início do sequestro, três pessoas saíram do café. Duas horas depois, mais duas conseguiram escapar mas, segundo a cadeia de televisão australiana ABC, não é claro se os cinco reféns que saíram do local fugiram ou foram libertados.
Catherine Burn, da Polícia de Nova Gales do Sul, não quis revelar em que circunstâncias os reféns conseguiram abandonar o local e garante que a polícia está, neste momento, cerca de doze horas após o início do sequestro, a negociar com o sequestrador. "Temos os melhores negociadores de todo o mundo e estamos a trabalhar metodicamente para assegurar que ninguém sai ferido", sublinhou.
As forças policiais encerraram parte do centro de Sidney junto ao coração financeiro da cidade, incluindo a emblemática Casa da Ópera - o porta-voz da polícia de Nova Gales do Sul já confirmou a intervenção -, enquanto dezenas de polícias cercavam o Lindt Chocolat Cafe, com as imagens das televisões a mostrarem uma bandeira negra, com inscrições brancas, em árabe, presa numa janela.
Foram retiradas dos edifícios circundantes milhares de pessoas e há várias centenas de agentes no perímetro, numa operação policial inédita na cidade australiana.
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Alguns observadores identificaram a bandeira como a al-Raya, um símbolo genérico do islão, com a mensagem: "Não existe outro Deus senão Alá e Maomé é o seu profeta".
Por sua vez, o canal televisivo Channel 7 News, que tem os seus estúdios situados em frente ao estabelecimento comercial, referiu que pelo menos um homem armado mantinha os reféns. Um dos repórteres no local admitiu mesmo poder tratar-se de uma ação associada ao grupo Estado Islâmico (EI) ou à situação no Médio Oriente. A imprensa local identifica o presumível sequestrador como um homem de 40 anos, de feições árabes, com alegadas ligações a organizações terroristas.
Testemunhas disseram ter escutado diversos ruídos semelhantes a disparos.
Entretanto, o primeiro-ministro australiano, Tony Abott, já afirmou, através de um comunicado, estar perante "um incidente bastante preocupante", mas assegurou que as forças de segurança do país "estão bem treinadas e equipadas" e "a responder de forma completa profissional". Segundo o The Sydney Morning Herald, o líder do executivo frisou ainda que assim que tenha novas informações as transmitirá à população.
Depois, em conferência de imprensa, Abott, repetiu que a Austrália tem "forças de segurança preparadas para proteger" a população. Mas advertiu: "Há pessoas que nos querem fazer mal." O primeiro-ministro salientou ainda que este tipo de violência "com motivações políticas" tem como objetivo assustar os australianos - apesar de reconhecer que "não há nada mais aterrador" que este tipo de atos, mas apelou a que o povo australiano prossiga com a suas vida.
A Austrália está em alerta máximo devido a eventuais ataques de cidadãos que estão a regressar ao país após combaterem no Médio Oriente e as autoridades têm efetuado ultimamente diversas operações de grande aparato nas principais cidades.