Autor de 'A Sombra do Vento' bate recorde de autógrafos em Madrid

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Espanha. A popularidade de um fenómeno editorial

Leitores de Carlos Ruiz Zafón fizeram fila de horas na Feira do Livro

O mau tempo ainda não tinha começado a fustigar Madrid e o sol batia de chapa no Parque do Retiro, onde decorre, até dia 15, a Feira do Livro da capital espanhola (www.ferialibromadrid.com).

As centenas e centenas de pessoas que formavam uma interminável fila em frente a uma tenda não esperavam para comprar refrescos ou gelados, mas sim para conseguir um autógrafo do escritor Carlos Ruiz Zafón, autor de A Sombra do Vento, que já vendeu dez milhões de exemplares em todo o mundo, e lançou, em Abril, em Espanha, El Juego del Ángel (um milhão de exemplares esgotados em menos de um mês, segunda edição de 400 mil já nas livrarias).

Sentado numa velha escrivaninha, o novo fenómeno do mundo editorial espanhol era ajudado por duas assistentes, que lhe abriam os livros estendidos pelos leitores para que o os pudesse autografar rapidamente e, de vez em quando, acompanhar a assinatura ou a dedicatória com um desenho. Por exemplo, umas asinhas de anjo, se o livro fosse El Juego del Ángel. Estava estabelecido pela direcção da feira que ninguém podia levar mais de dois livros para autografar, para que o máximo de pessoas pudesse ver o seu desejo satisfeito.

No final do dia, às 21.00, quando Zafón, exausto de tanto assinar livros, se levantou da cadeira e foi embora, tinha autografado mais de 600 livros, e estabelecido um novo recorde de autógrafos na Feira do Livro de Madrid.

Cerca de 100 pessoas que ficaram sem a tão cobiçada assinatura do escritor nos seus livros, e ainda faziam fila estoicamente no recinto, acompanharam a sua saída com gritos desesperados de "Assina, assina!", durante alguns minutos. Como se Carlos Ruiz Zafón fosse uma estrela de rock em vez de um escritor, e se lhe exigisse ainda um encore no final de um longo concerto.

"A fila era grande demais", queixava-se uma senhora que tinha vindo de propósito de Barcelona para ver o seu escritor favorito e receber a sua assinatura na página de entrada de A Sombra do Vento, porque já o não tinha conseguido quando Záfon deu outra megasessão de autógrafos na cidade catalã de onde é natural, em Abril passado.

A chamada "febre Zafón" impressionou até o popularíssimo autor de banda desenhada Francisco Ibañez, criador de Mortadelo e Salamão, que todos os anos domina as sessões de autógrafos na Feira do Livro de Madrid. E que tem agora um sério rival em matéria de fãs dispostos a passar horas à torreira do sol à espera de uma assinatura.

Tetralogia independente

Num encontro público que teve lugar antes da sessão de autógrafos, Carlos Ruiz Zafón explicou que A Sombra do Vento e El Juego del Ángel são dois dos títulos de uma tetralogia de livros "independentes mas que estão de alguma forma ligados entre si e têm um fio narrativo comum. É como que um labirinto de ficção com quatro portas de entrada. Já sei como se vão articular e tenho um final concreto dentro da minha cabeça, mas não tenho pressa em os acabar".

O escritor pediu aos muitos fotógrafos presentes na Feira do Livro de Madrid para fazerem o seu trabalho no começo da sessão de autógrafos, e depois se absterem de captar mais imagens, por querer ver preservada a "relação de intimidade que se estabelece com o leitor em ocasiões como esta". Mas sempre que um leitor mais entusiasmado lhe apontou uma câmara digital durante a maratona de assinaturas, Carlos Ruiz Zafón nunca lhe negou um sorriso, por mais fatigado que fosse.

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