Auto de São Martinho recriado nas Caldas da Rainha onde foi estreado há 513 anos

O Auto de S. Martinho, estreado nas Caldas da Rainha em 1504, vai ser representado pelo Teatro da Rainha em frente ao Hospital Termal, numa parceria entre a companhia e a câmara no âmbito da festa da cidade.
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O auto de Gil Vicente, encomendado por D. Leonor, fundadora do Hospital Termal que deu origem à cidade das Caldas da Rainha, sobe ao palco em conjunto com excertos de "Triunfo do Inverno", do mesmo autor, numa peça intitulada "Triunfo de S. Martinho", divulgou o Teatro da Rainha.

No Auto de S. Martinho, encomendado para ser apresentado na procissão de Corpus Christi em 1504, um "pobre chagado", torturado pela dor e pela fome é salvo por S. Martinho, que lhe empresta a sua capa, o que para o Teatro da Rainha "simboliza a ideia cristã de salvar os mais fracos da sua desproteção e de assumir, ao nível estatal, já que a peça era pedida pela rainha, uma função social solidária".

Segundo o Teatro da Rainha o "chagado" terá então, nessa estreia, sido representado "por um doente do Hospital Termal", fazendo agora todo o sentido a escolha da peça para integrar nas comemorações do dia da cidade, que a 15 de maio assinala a tradicional abertura das termas.

Junto com o Auto de S. Martinho sobe à cena excertos do "Triunfo do Inverno", uma peça escrita por Gil Vicente que terá sido apresentada em 1529 a D. João III e à corte, como homenagem ao nascimento da Infanta D. Isabel.

A peça, resultante de um convite da autarquia para que a companhia residente integrasse as comemorações das festas da cidade (cujo feriado se comemora no dia 15), será apresentada nos dias 12 e 13, no Largo da Copa, em frente ao Hospital Termal.

Séculos depois do S. Martinho inicial criado como resposta a um pedido da Rainha a companhia responde assim "a uma sugestão (...) dos representantes do povo" e da "da própria cidade a quem dedicamos esta representação", refere a companhia na folha de sala que acompanha o espetáculo.

A montagem dos textos, dramaturgia é de Isabel Lopes, a encenação é de Fernando Mora Ramos, a cenografia é recriada a partir de uma pintura de João Vieira, composição musical de Rui Rebelo e os figurinos de José Carlos Faria

A peça conta com interpretação de Isabel Lopes, Alexandre Calçada, Carlos Borges, Fábio Costa, Nuno Machado e os estagiários Vasco Rio Peres, Ricardo Gomes, Ana Rita Silva e Ana Trino.

A criação conta ainda com as participações do Coro Infantil do Conservatório de Música de Caldas da Rainha e de elementos da Banda de Comércio e Indústria.

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