Autárquicas/Lisboa: Nacionalista José Pinto-Coelho recusa que Lisboa seja "para turista ver"
"Trabalha-se demasiado para inglês ver ou, neste caso, para o turista ver, quando há imensas situações de degradação do património das ruas, de casas, etc., que não estão a ser cuidadas", diz José Pinto-Coelho à agência Lusa.
Em causa estão as recentes obras no espaço público da cidade, em locais como a frente ribeirinha e o eixo central (Saldanha e Picoas), que "acabaram agora para as eleições".
De acordo com o candidato, a visão do PNR é outra: "Nós queremos trabalhar para o lisboeta, para promover o regresso de lisboetas à sua cidade e para fixar lisboetas".
Isso não implica combater o turismo, que "é essencial", mas antes evitar que o setor seja visto como "a coisa mais importante do mundo, em detrimento da qualidade de vida dos lisboetas", refere.
Passa também por "combater o alojamento local, que fez disparar os preços de arrendamento ou de venda de casas em Lisboa", precisa o responsável, falando em "taxar gravemente os proprietários que têm imóveis no alojamento local de forma a que pensassem duas vezes".
Ao mesmo tempo, o PNR estabelece como prioridade a "ética da gestão camarária", evitando "ir aos bolsos dos lisboetas para alimentar gorduras da gestão camarária e cortando naquilo que tem de ser cortado".
Nesse âmbito, José Pinto-Coelho quer "acabar com as empresas públicas desnecessárias", como a que se dedica à gestão de equipamentos e animação cultural (EGEAC), a que gere o estacionamento em Lisboa (EMEL) e a que gere os bairros de Lisboa (Gebalis), especifica, sustentando que esta última trabalha para "os subsídio-dependentes".
Por outro lado, o responsável considera "absolutamente fundamental" refundar a Empresa Pública Municipal de Urbanização de Lisboa (EPUL), extinta em 2014, para esta servir como "reguladora de mercado e, justamente, ajudar a fixar os lisboetas na sua cidade".
Ainda no âmbito da habitação, o programa do PNR prevê o fim do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para quem reside na cidade, sendo apenas cobrado a quem tem uma segunda casa ou a empresas.
"Quem tem habitação própria não tem de pagar imposto sobre um direito consagrado na constituição", frisa o candidato.
Também para fixar munícipes, o PNR entende ser necessário "estender a linha do metro ao Ocidente, com o objetivo de chegar a Algés, e fazer isso de modo gradual".
Ao mesmo tempo, José Pinto-Coelho sugere "passar quase todas as ruas de Lisboa a um só sentido porque [...] descongestiona o trânsito e aumenta o número de lugares para os carros nas ruas", com o estacionamento em espinha.
Sob o lema "Reconquistar Lisboa", a candidatura do PNR pauta-se, ainda, por não apoiar, "de maneira nenhuma", a construção de uma nova mesquita na cidade, prevista para a Mouraria.
"Não só não iríamos financiar, porque não pode haver dinheiros públicos para qualquer religião [...], como proibiríamos a sua construção", afirma.
José Pinto-Coelho nasceu em Lisboa, a 27 de setembro de 1960, e é 'designer' gráfico e professor na área das artes.
Chegou a matricular-se na faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, mas abandonou o curso em 1980 para se inscrever no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE), que concluiu em 1983.
Iniciou a carreira política nos anos 1970 como militante do Movimento Nacionalista, tendo colaborado, na década seguinte, com a revista Futuro Presente e o jornal O Século.
Nos anos 1990, tornou-se membro da associação Aliança Nacional e, em 2000, foi um dos fundadores do PNR. Preside à comissão política nacional desde 2005.
José Pinto-Coelho foi candidato à Câmara de Lisboa em 2007 e 2009 e à Assembleia da República em 2005, 2009, 2011 e 2015 como cabeça de lista por Lisboa.
Como adversários nestas eleições autárquicas, marcadas para 01 de outubro, terá Assunção Cristas (CDS-PP/MPT/PPM), João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE), Teresa Leal Coelho (PSD), Fernando Medina (PS), Inês Sousa Real (PAN), Joana Amaral Dias (Nós, Cidadãos!), Carlos Teixeira (independente apoiado pelo PDR e JPP), António Arruda (PURP), Amândio Madaleno (PTP) e Luís Júdice (PCTP-MRPP).