Autárquicas/1 ano: Oposição diz que trabalho em Setúbal ficou aquém das expectativas
A situação financeira do município, que continua dependente das restrições impostas por um Contrato de Reequilíbrio Financeiro, o chumbo pelo Tribunal de Contas de um empréstimo de 16 milhões de euros, para reestruturação da dívida de curto prazo, e a obrigatoriedade de devolver cerca de quatro milhões de euros da Taxa Municipal de Proteção Civil, que foi considerada inconstitucional, são algumas das preocupações expressas pelos eleitos do PS e do PSD no executivo camarário.
"Também há promessas eleitorais que não estão a ser cumpridas. Dou o exemplo da nova biblioteca, do novo terminal de transportes, de investimentos como a nova marina e novos hotéis. São grandes investimentos anunciados, públicos ou privados, que iam ser realizados, mas que, até agora, não se concretizaram. O investimento de um empresário chinês na zona ribeirinha de Setúbal era suposto já estar em obra e ainda nem sequer existe plano de pormenor", disse à agência Lusa o vereador e presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Setúbal, Paulo Lopes.
O vereador socialista lembrou também o chumbo, pelo Tribunal de Contas, de um empréstimo de 16 milhões de euros, para reestruturação da dívida de curto prazo, que considerou ser "uma grande derrota política para a CDU".
Para Paulo Lopes, a impossibilidade de fazer a reestruturação financeira, devido ao chumbo deste empréstimo, "significa que a Câmara Municipal de Setúbal vai continuar com um prazo médio de pagamentos a fornecedores muito dilatado, que o ano passado já era superior a 280 dias".
As questões financeiras também preocupam o vereador e presidente da Concelhia de Setúbal do PSD, Nuno Carvalho, que acusa a CDU de estar mais preocupada em gerir a transição de Maria das Dores Meira - que cumpre o último mandato como presidente da Câmara de Setúbal - para um futuro candidato da CDU, do que em resolver os problemas do município.
"Nota-se que a liderança da Câmara Municipal já não é feita da mesma forma, nem com o mesmo empenho. Muitas obras, logo a seguir às eleições, foram esquecidas, não se voltou a falar nelas. E notaram-se também muitas surpresas, que antes das eleições nunca foram faladas, incluindo alterações à mobilidade no concelho que têm vindo a falhar. Estreitaram-se algumas vias e há entupimentos de trânsito em todo o lado", disse Nuno Carvalho.
O dirigente do PSD acusou, também, a autarquia de não ter acautelado uma rede de transportes adequada, face às restrições impostas à circulação automóvel nos acessos às praias da Arrábida durante a época balnear.
A agência Lusa tentou ouvir a presidente da Câmara de Setúbal, que se encontra em Taiwan em representação do município setubalense no Clube das Baías mais Belas do Mundo, mas não foi possível.
No entanto, por ocasião do Dia de Bocage e da Cidade, que se celebrou a 15 de setembro, Maria das Dores Meira defendeu que a cidade de "Setúbal é hoje uma terra melhor, mais moderna, mais acolhedora e capaz de dar melhor qualidade de vida" aos residentes e a todos os que a visitam.
Mareia das Dores Meira anunciou também que estão a ser preparados novos projetos de transformação do concelho, como a construção do novo Parque Urbano da Várzea e da nova estação intermodal de transportes na Praça do Brasil, que já têm financiamento assegurado, bem como da nova Fábrica das Artes, junto da zona ribeirinha.
Maria das Dores Meira não se referiu à situação financeira da Câmara Municipal, mas, na campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas, prometeu reduzir bastante a dívida do município nestes últimos quatro anos de mandato.