Autarca mexicano acusado de negligência

O presidente da Câmara de Iguala, no sul do México, foi esta quinta-feira acusado de negligência, por participar numa festa em vez de parar a violência de um grupo da polícia que causou seis mortos e 43 estudantes desaparecidos.
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O autarca de Iguala, Jose Luis Abarca, que se encontra foragido, faltou ao dever de proteger os estudantes durante o tiroteio ocorrido a 26 de setembro passado, que feriu 25 pessoas, disse o procurador da República Inaky Blanco.

O presidente da Câmara foi negligente porque "preferiu continuar numa festa, jantar tarde e dormir" deixando as vítimas à mercê das forças de segurança pública, acrescentou.

Inaky Blanco sublinhou que quatro polícias municipais foram presos e acusados de homicídio, somando aos 22 detidos na semana passada, por terem aberto fogo sobre um autocarro que transportava estudantes para casa. As câmaras de vigilância mostram os estudantes a serem levados em carros de patrulha.

Foram ainda detidos quatro supostos membros do gangue Guerreros Unidos, que, segundo o Procurador da República, atuaram em conjunto com a polícia, a 26 de setembro.

O caso indignou os mexicanos, que protestaram um pouco por todo o país na quarta-feira para exigir o regresso dos alunos, todos jovens estudantes de um colégio em Guerrero, um estado assolado pela violência e pela pobreza.

Dois assassinos contratados dos Guerreros Unidos confessaram ter executado 17 jovens e tê-los enterrado numa vala comum.

As autoridades dizem que vão levar semanas para confirmar as identidades dos corpos que estão gravemente queimados, enquanto as famílias se recusam a acreditar que tenham morrido.

O caso pode tornar-se num dos piores massacres na luta contra a droga que já fez dezenas de milhar de mortos e 22.000 desaparecidos desde 2006.

Sobre os 28 corpos descobertos em valas clandestinas nesta localidade do estado de Guerrero (sul), que podem corresponder a alguns dos estudantes desaparecidos, assinalou que "deixa transparecer o nível de barbárie e o caráter inumano" deste facto e que "perturba o esforço coletivo" para garantir um país "com mais progresso e desenvolvimento".

O Presidente Peña Nieto e o governo mexicano têm sido submetidos a uma forte pressão interna e internacional, incluindo dos Estados Unidos e de diversas ONG, para um rápido esclarecimento dos acontecimentos em Iguala, em particular o destino dos 43 estudantes sequestrados pela polícia local.

Na sequência dos ataques na noite de 26 de setembro foram efetuadas mais de 30 detenções, incluindo de 22 polícias municipais com alegadas legações aos "Guerreros Unidos", um grupo criminal que surgiu em 2011 após uma cisão no cartel dos irmãos Beltrán Leyva.

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