Austrália está a sofrer com a falta de homens

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Sociedade. Migrações explicam desequilíbrio entre sexos

Para haver igualdade, seriam precisos mais cem mil homens

O fenómeno do desequilíbrio entre sexos parecia ser apenas uma ideia que dava para boas histórias de televisão: a comunidade com excesso de homens jovens sem parceira ou o inverso. Mas um demógrafo australiano, Bernard Salt, levou o tema para terreno mais sério. Segundo um livro publicado esta semana e que está a fazer furor na Austrália, aquele país sofre de falta de homens, sobretudo nas cidades. O motivo é complexo, ligado a mudanças sociais e migrações, e os efeitos são ainda mais complicados, talvez não limitados à sociedade australiana.

Salt baseou-se nas estatísticas do censo de 2006 para tentar demonstrar, em Man Drought (Falta de Homem), que há zonas da Austrália onde ser solteiro pode ser um tormento. Isto, a nível puramente estatístico, que não inclua nos cálculos aspectos culturais do género 'ela procura o homem ideal'.

Numa cidade dormitório, Glenden, em Queensland, Salt encontrou o maior desequilíbrio demográfico entre sexos, em toda a Austrália: solteiros com mais de 40 anos, havia 23 homens e apenas uma mulher. Se em Glenden pouco mais há para fazer do que dormir, Annadale parece ser uma festa, com 1,48 mulheres solteiras para cada rapaz da mesma idade.

Globalmente, a Austrália tem 100 mil homens a menos, o que exige uma pequena revisão da imagem tradicional do país inicialmente colonizado por população prisional com crónico défice de mulheres.

Os actuais desequilíbrios, diz o cientista, estão relacionados com a migração de mulheres do interior para as cidades, o que está a provocar excesso de homens nas zonas rurais. Para mais, os australianos estão a emigrar, sobretudo os jovens e os de sexo masculino. Calcula-se que, só no Dubai, haja 12 mil.

O desequilíbrio está a produzir alterações nos comportamentos. Segundo Bernard Salt, citado no Sydney Morning Herald, o "fenómeno 'agricultor quer uma mulher' é ainda muito real em certos locais. Há alguns anos, dava-se o caso da mulher nestas regiões [rurais] casar aos 21 anos com o rapaz da quinta ao lado. Aos 23, tinham filhos. Isso já não acontece. Estamos a ver uma geração com elevada mobilidade, que quer viver nas grandes cidades".

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