Augusto Santos Silva é o novo presidente da Assembleia da República
Augusto Santos Silva foi esta tarde eleito presidente da Assembleia da República. Obteve 156 votos a favor, tendo participado na eleição todos os 230 deputados. Registaram-se 63 votos brancos e onze nulos.
O número de votos a favor (156) indicia que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros obteve um apoio para lá dos 120 deputados que integram a bancada do PS.
Augusto Santos Silva assegurou no discurso que fez depois de ser eleito que exercerá a presidência da Assembleia da República de forma "imparcial, contida e aglutinadora". Salientou, por outro lado, o simbolismo de esta ser a primeira vez que a sua nova função será ocupada por alguém que nasceu, vive e sempre trabalhou no Porto.
Augusto Santos Silva nasceu no Porto há 65 anos (1956). Toda a sua carreira profissional foi desenvolvida no Porto, como professor universitário (licenciado em História e doutorado em Sociologia).
Iniciou-se na política ainda antes do 25 de Abril militando em formações de extrema-esquerda. Depois foi progredindo para o centro e em 1990 filiou-se no PS. Em 1999 chegou pela primeira vez ao Governo, como secretário de Estado da Administração Educativa. Depois foi, em todos os governos do PS desde então, ministro das mais diversas pastas (Educação, Cultura, Defesa e finalmente Negócios Estrangeiros).
Dentro do PS é visto como um moderado de centro, pouco entusiasta de soluções como a ´geringonça'.
O recém-eleito presidente da Assembleia da República fez uma cerrada defesa do pluralismo e da tolerância, advertindo que o patriotismo só medra no combate ao nacionalismo, que apenas promete ostracismo e discrimina o que é diferente.
Esta posição foi transmitida por Augusto Santos Silva no seu primeiro discurso após ser eleito presidente do parlamento -- uma intervenção que levantou a bancada socialista, que foi aplaudida em vários momentos por deputados do PSD, Bloco de Esquerda e PCP, e em que nunca se referiu diretamente ao Chega.
"O patriotismo só medra no combate ao nacionalismo. O patriota, porque ama a sua pátria, enaltece o amor dos outros pelas pátrias respetivas e percebe que só na pluralidade das pátrias floresce verdadeiramente a sua. O nacionalista, porém, odeia a pátria dos outros, quer fechar a sua ao contacto com as demais, discrimina quem é diferente e, em vez de hospitalidade, promete ostracismo", referiu.
Após estabelecer as diferenças, o novo presidente do parlamento invocou a "incrível força" da língua portuguesa, "de tantas pátrias", para se perceber de forma profunda que "o bom requisito para se ser patriota é não ser nacionalista".
"Isto é, não ter medo de abrir fronteiras, de integrar migrantes, de acolher refugiados, de praticar o comércio e as trocas culturais", completou, recebendo então uma prolongada salva de palmas.
* com Lusa