O adiamento do projecto de alta velocidade pode levar à perda de fundos da UE e ao pagamento de indemnizações a Espanha para cobrir os custos e perdas pela "suspensão unilateral" do TGV, avisou ontem o ministro das Obras Públicas. "Releva do mais elementar bom senso o aproveitamento daquilo que existe, das negociações que já foram feitas e que podem ser rentabilizadas", defendeu António Mendonça na Comissão Parlamentar de Obras Públicas. Isto no dia em que o PSD, pela voz do deputado Jorge Costa, anunciou a apresentação de um projecto de resolução que recomenda a suspensão da construção do TGV no mínimo por três anos.Às perguntas de Jorge Costa sobre a anulação do concurso do segundo troço da linha Lisboa-Madrid, que integra a terceira ponte sobre o Tejo, o ministro assegurou que a hipótese da linha parar no Poceirão "não se coloca". "É evidente que a ligação entre Lisboa e o Poceirão terá de ser feita", disse.Entretanto, a Soares da Costa que, com a Brisa, liderava um dos consórcios que concorreu precisamente ao troço Lisboa-Poceirão, já fez saber que deverá apresentar-se ao novo concurso. "Arrisco-me a dizer que quase seguramente lá estaremos", disse Pedro Gonçalves, CEO da empresa, que admitiu o abandono do financiamento por parte do BPI, que invocou alterações das condições do mercado.O Governo prometeu lançar novo concurso dentro de seis meses. A Mota-Engil, líder do outro consórcio já reagiu. "Não estou a ver como é que os mercados vão recuperar em seis meses", comentou Jorge Coelho.