ATP quer tenistas e treinadores a falar durante os jogos
A Associação de Tenistas Profissionais (ATP), criada em 1972, está a ponderar introduzir uma grande novidade nas competições sob a sua tutela: permitir que os treinadores passem a dar, diretamente, instruções aos seus tenistas durante os jogos, algo que atualmente não é permitido no circuito masculino.
Um dos três membros do Conselho de Tenistas revelou, ao jornal espanhol Marca, que a hipótese já está a ser discutida entre as partes. "O Conselho de Jogadores e de Torneios perguntou-nos mais detalhes sobre como isso funcionaria. Os torneios pretendem uma proposta mais detalhada, para saber se é necessário algum lugar particular para o técnico falar com o tenista junto ao court e para saber se vai ser preciso tempo adicional", contou, naquela que será a primeira grande alteração no ténis desde a introdução do olho de falcão, em 2006.
Embora o método de comunicação entre treinadores e tenistas ainda não seja claro - se podem interagir a qualquer momento ou apenas durante as pausas entre sets -, a ATP não duvida de que será "uma questão de tempo até a proposta receber uma resposta afirmativa".
O método, porém, poderá não ser idêntico ao praticado no circuito feminino, no qual os treinadores podem dar instruções às jogadoras uma vez por set, caso a atleta faça o pedido ao árbitro. Alguns tenistas masculinos mostraram-se interessados no mesmo método, mas há também quem defenda um sistema de maior autonomia, no qual técnicos e jogadores possam conversar a qualquer altura e mais em privado.
Para tal, está a ser estudada a possibilidade de ser colocada uma cadeira para o treinador, junto ao court, mas a ATP teme que isso implique mais paragens no jogo. "A proposta inicial era que os treinadores pudessem, desde a sua posição na bancada, falar com os jogadores assim que eles estivessem por perto. Nas reuniões preparatórias que vamos ter em Melbourne, por causa do Open da Austrália, vamos discutir e ouvir sugestões. O objetivo é tornar o jogo mais dinâmico", revelou fonte da ATP.
Sob análise estará, também, a hipótese de o jogo poder prosseguir caso um tenista, no momento do serviço, faça a bola tocar na rede antes de esta passar para o campo adversário. Neste caso, esta hipótese é mais remota e está ainda sujeita a muitas ponderações por parte da ATP.
No circuito feminino, há tenistas que hesitam na hora de pedir instruções aos treinadores. O motivo, segundo Maria Sharapova, é que isso revela... fraqueza. "É sempre estranho quando uma jogadora chama o seu treinador. Isso é uma demonstração de que se encontra em dificuldades", explicou a russa. Há quem entenda que isso não é mais do que um sinal de humildade ou até mera estratégia, mas receber instruções dos treinadores faz parte de qualquer desporto.
O plano passa por criar a dinâmica entre treinadores e jogadores em 2018, mas poderá haver a possibilidade de os tenistas dispensarem essa interação. É o que arrisca acontecer com Novak Djokovic, número dois da hierarquia ATP, que pondera não contratar ninguém para substituir Boris Becker no cargo de treinador.
O tenista sérvio rompeu a ligação de três anos a Becker e surgiram rumores de que Djokovic estaria a ponderar começar a trabalhar com Nenad Zimonjic, compatriota com quem já fez várias vezes dupla, como nos Jogos Olímpicos e na Copa Davis.
Porém, segundo o The Times, o sérvio pondera não contratar nenhum treinador para suceder a Becker, ele que se tornou próximo de Pepe Imaz, guru espanhol que criou uma escola de ténis sob a filosofia de "paz e amor" e se tornou mentor de Djokovic, um dos motivos para que Boris Becker afirmasse que o antigo líder ATP não estava a treinar como antes.
Há, também, a possibilidade de Djokovic continuar meramente a colaborar com Marían Vajda, eslovaco de 61 anos que trabalha com o sérvio desde 2006.