Atirador disparou várias vezes sobre Anastasia
Anastasia de Sousa, uma lusodescendente de 18 anos, estava na cantina do colégio Dawson a conversar com amigos quando foi atingida pelos disparos de Kimveer Gill, o jovem de 25 anos que entrou no edifício decidido a espalhar o caos. James Santos, amigo de Anastasia, aproximou-se imediatamente da jovem e pediu ao atirador para o deixar sair com ela. Gill perguntou: "Ainda não está morta?" e voltou a disparar uma rajada de tiros sobre a estudante. "Pronto, agora já está morta", disse a seguir, segundo conta James.
Três dias depois do tiroteio no estabelecimento de ensino pré-universitário de Montreal, continuam a surgir pormenores sobre o ataque. Minutos depois de assassinar Anastasia, e após ser atingido num braço pela polícia, Gill suicidou-se com um tiro na cabeça, segundo confirmou ontem o relatório da autópsia. Antes, fez 19 feridos, dois dos quais ainda estão em estado muito grave.
A comunidade portuguesa de Montreal, cerca de 40 mil portugueses e um número indeterminado de luso-canadianos e lusodescendentes, está consternada com a morte da jovem.
Internet e armas
O tiroteio no colégio Dawson veio reavivar a discussão sobre o controlo de armas e a vigilância na Internet.
O site vampirefreaks.com, onde Kimveer Gill tinha a sua chocante página pessoal, já foi notícia em Abril deste ano por alojar as páginas de Jeremy Steinke, de 23 anos, e da namorada de 12 anos, suspeitos do assassínio de um casal e do seu filho de oito anos. Os dois conheceram-se através do site e tinham como interesses comuns "sangue e assassinos em série". Outra comunidade online, o MySpace.com, contribui para cerca de 150 investigações policiais por mês , segundo a revista Newsweek. O primeiro-ministro canadiano, Stephen Harper, confessa-se preocupado, mas diz que a liberdade de expressão fica ameaçada quando a sociedade começa a censurar.
O incidente relançou também o debate sobre o registo de armas de fogo no Canadá, numa altura em que o Governo quer facilitar a atribuição de licenças. A província de Quebeque já afirmou ontem a sua oposição.
O registo de armas é obrigatório desde 1995, em parte devido à mobilização popular na sequência do massacre de 1989 no Politécnico de Montreal.