"Até acho que este manifesto podia ir mais longe"
Conhece Yanis Varoufakis há muito tempo?
Conheço-o desde 2010, como autor. Em 2011, fui a primeira pessoa a levá-lo ao Parlamento Europeu para apresentar a sua proposta para salvar o euro. Foi aí que nos conhecemos pessoalmente.
O que o levou a subscrever o manifesto do movimento DiEM25?
Já na altura em que esteve no PE ele insistia que a solução para a crise da UE não era meramente técnica, mas tinha um caráter político e que o que era preciso fazer era democratizar a UE. Temos uma crise, ou um conjunto de crises, comum a 28 países mas que se reflete em 28 debates nacionais e a nível europeu se limita a debates entre burocratas ou entre governos. Foi uma questão que debatemos. Mas Varoufakis tinha ainda uma perspetiva de economista. O que aconteceu depois de ele ir para o governo fê-lo compreender que essa forma de trabalhar não resolveria nenhuma destas crises. Até acho que em certos aspetos o manifesto podia ir mais longe. Apoio-o porque é uma recentragem no que é o verdadeiro problema da UE: os europeus não são contra a ideia de UE, são contra a forma como esta tem sido desvirtuada pelos governos, pelos burocratas, pelos grandes interesses.
Qual o futuro do DiEM25? Ir a votos? Nas europeias?
Isso são questões que iremos clarificar com o tempo. Para já este movimento vem juntar uma voz ao debate da democracia na UE. Ajuda a resolver o dilema de que ser progressista é rejeitar a UE. Não é. É reformá-la. Há um caminho que não passa por rejeitar tudo o que vem da UE, nem por aceitar tudo o que ela nos quer impor. Várias pessoas que assinam este manifesto já estão em partidos e com certeza se candidatarão. Mas agora o essencial é ganhar a opinião pública e é para isso, sobretudo, que serve o manifesto.