"O 'lay off' na Rohde [anunciado segunda-feira e por um período de dois meses] não é novidade, é algo que a empresa faz todos os anos há 20 anos", afirmou Manuel Carlos à margem de uma conferência de imprensa para apresentação da nova imagem institucional e do plano de promoção externa da indústria portuguesa de calçado..Relativamente ao eventual encerramento da Rohde em Portugal, na sequência do pedido de insolvência anunciado segunda-feira, o director-geral da APICCAPS considera que, a confirmar-se, "fará parte de um movimento que as empresas multinacionais instaladas em Portugal têm prosseguido".."Somos, provavelmente, o sector que mais empresas estrangeiras concentrou nos últimos anos, mas todas têm um modelo de negócio diferente do nosso que, quando se esgota no país onde estão instaladas, as leva para outros países para o reeditar", disse Manuel Carlos..Distinguindo este cenário das multinacionais do perfil da indústria portuguesa de calçado, o responsável defendeu que o objectivo da APICCAPS tem sido "criar nos empresários nacionais uma base sólida e uma visão de futuro, gerando modelos de negócio diferentes".."É isso que temos feito e é por isso que temos crescido", sustentou..Para Manuel Carlos, neste contexto haverá "episódios de empresas que fecham todos os anos, mas que serão equivalentes às que abrem, porque quando há projecto e visão o tecido empresarial regenera-se"..Segundo o director-geral da APICCAPS, o pico da deslocalização das grandes multinacionais, com consequentes despedimentos, aconteceu "há três/quatro anos e foi um movimento arrasador", mas já estará, na sua maioria, concluído..No sector do calçado, as principais multinacionais que ainda permanecem em Portugal são a Rohde, a Gabor e a Ara..Esta última, de origem alemã, é uma das maiores fabricantes mundiais de calçado de senhora e, segundo noticia hoje o Jornal de Negócios, "deixou de produzir sapatos em Vila Nova de Gaia, onde chegou a laborar com duas fábricas e mais de mil trabalhadores"..Há três anos, a Ara havia já encerrado a unidade que possuía em Avintes e que chegou a empregar 600 pessoas, tendo agora decidido fechar a fábrica vizinha de Pedroso, onde laboravam perto de 200 trabalhadores. Antes, havia também fechado a fábrica que possuía em Seia, no distrito da Guarda, e que empregava 400 pessoas.