Em declarações hoje à agência Lusa, no âmbito do Dia Mundial do Autismo, que se assinala na terça-feira, a diretora adjunta da "Associação Coração Azul", Íris André, indicou estimar-se que o total de autistas em Angola representa 1% da população (Angola tem cerca de 26 milhões de habitantes) e que, em Luanda, são cerca de 800 as famílias que já procuraram apoio..Íris André apontou a falta de inclusão das crianças autistas nas escolas e demais instituições públicas.."Mesmo a nível das escolas ainda não vimos coisas palpáveis em relação ao autismo. Fala-se muito do processo de inclusão, mas, quando vamos ver, é mais para pessoas que têm problemas de surdez, físicos e visuais", disse. ."Para pessoas com problemas intelectuais, como o autismo, quase que não se vê nada. É necessário que haja um trabalho conjunto entre as instituições e as famílias, porque gostaríamos que houvesse mais apoio", adiantou..Para a líder associativa, que há três anos trabalha no apoio e educação às crianças com transtorno do espetro do autismo, Angola precisa de uma lei de proteção à pessoa autista, sobretudo para "salvaguardar os seus direitos e os das respetivas famílias"..Segundo Íris André, Angola pode socorrer-se das experiências em Portugal, Brasil e Inglaterra nesse domínio, para elaborar um diploma específico para pessoas com autismo.."Sim, é necessário que haja. O Brasil já tem diplomas legais, Portugal está a caminhar, a Inglaterra, então, está muito mais avançada. Poderíamos beber do pouco que há noutras paragens para podermos implementar aqui em Angola", frisou.."É preciso que se saiba o que uma criança autista necessita ou não e os direitos que estão a ser violados para podermos caminhar. A outra coisa que precisamos é o apoio às famílias, principalmente as mais carenciadas que têm filhos nesta condição", acrescentou..Há alguns anos, pais de crianças autistas angolanas defenderam a implementação de uma pulseira eletrónica com o propósito de "garantir maior eficácia no controlo" das crianças e adolescentes que sofrem de autismo..Íris André, mãe de um menino autista, mostra-se cética quanto à implementação da pulseira, afirmando ser "necessária, mas não primordial", porque, observou, as famílias e a sociedade precisam de um "amplo trabalho de formação e informação" sobre o autismo.."Como vamos falar da pulseira se esta família que tem o filho com autismo também não sabe lidar com a criança? Precisamos de fazer um trabalho de informação e de formação junto das famílias e da sociedade antes de falarmos de uma pulseira. Mas, se for necessário, muito bem. Mas as crianças com autismo são hipersensíveis e precisa-se de um trabalho árduo", concluiu..O Dia Mundial do Autismo, criado pelas Nações Unidas em 18 de dezembro 2007, é celebrado anualmente a 02 de abril.