A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta quinta-feira a cedência do direito de superfície a favor da empresa Turicultur, por parte da autarquia lisboeta, para o desenvolvimento do projeto designado provisoriamente de Museu do Terramoto..O documento visa "a constituição do direito de superfície a favor da Turicultur -- Turismo e Cultura de Portugal Lda., sobre o prédio municipal sito na Rua da Junqueira", em Lisboa..A proposta da Câmara Municipal de Lisboa (CML) foi aprovada com os votos a favor do PS, PSD, um deputado independente e um deputado do MPT, as abstenções de dois deputados independentes, um deputado do PS e um deputado do MPT e os votos contra do BE, PEV, PCP, PSD, PAN e cinco deputados independentes..Também a recomendação da Comissão Permanente de Cultura, que pretende a integração dos achados arqueológicos no projeto conhecido como Museu do Terramoto, foi aprovada na sessão plenária de hoje..O documento mereceu os votos contra do PEV, PCP, PAN e de dois deputados independentes, a abstenção de cinco deputados independentes e os votos favoráveis das restantes bancadas..A deputada relatora da recomendação da sétima Comissão Permanente, Aline Beuvink, não esteve presente nas votações, mas salientou, num momento anterior, no âmbito das declarações políticas, que o projeto previsto para aquele terreno, na Rua da Junqueira, "não terá qualquer retorno" e será cedido a uma empresa "sem qualquer experiência"..Também a presidente da Comissão Permanente de Cultura, Simonetta Luz Afonso, afirmou que "o promotor apresentou uma boa ideia mas não a conseguiu materializar, apresentando conteúdos vagos"..O deputado municipal Rui Costa do BE criticou esta cedência por parte da autarquia "com uma taxa de rendibilidade com pouco mais de 1%", acrescentando que este projeto "não é um museu" e, "pelo que o promotor explicou, também não é grande coisa"..Por seu turno, o eleito do PCP Modesto Navarro mostrou-se contra este projeto cedido a uma empresa formada há cerca de um ano, e que visa a "diversão" e "fazer dinheiro"..Neste sentido, também a deputada do PSD Ana Mateus defendeu que "não se deve confundir cultura com entretenimento", acrescentando "não estarem reunidas as condições reunidas" para avançar com o projeto..Já Raul Santos do MPT, advogou que o partido reconhece que o terramoto de 1755 deve ser musealizado, mas que deveria ser uma "iniciativa municipal ou nacional". Além disso, o eleito alegou que, "face ao presente mercado imobiliário naquela zona", considera que esta cedência tem "um valor demasiado baixo"..A deputada do PEV Cláudia Madeira referiu ainda que o local onde se situa o prédio que vai ser cedido pela Câmara de Lisboa à empresa Turicultur não corresponde à "zona mais afetada pela catástrofe natural de 1755"..Em resposta às críticas, o eleito do PS Manuel Laje sublinhou que a autarquia não está com esta proposta a pedir autorização para "a construção de um Museu do Terramoto", mas sim a fazer a "constituição de um direito de superfície"..A vereadora da Cultura da CML, Catarina Vaz Pinto (PS), esclareceu que o projeto "nunca teve a pretensão de ser um verdadeiro museu" e que "já não reivindica para si esse nome"..O vereador João Pedro Costa do município lisboeta (PSD) interveio na sessão para protestar que a posição relativamente a esta questão "não é unânime" na Câmara de Lisboa..Já o vereador das Finanças, João Paulo Saraiva (PS), sublinhou que a iniciativa tem "interesse económico para a cidade"..No fim da sessão plenária, o deputado do PSD Rodrigo Mello Gonçalves disse à agência Lusa que o grupo municipal vai fazer "requerimento à Câmara para enviar o projeto para esta assembleia", um processo que considera "pouco claro e pouco transparente", à semelhança da deputada Inês Sousa Real (PAN).