Assange recebe autorização para casar-se na prisão
A justiça britânica deu autorização ao fundador da WikiLeaks, Julian Assange para casar-se na prisão, anunciou a sua noiva, enquanto se aguarda uma decisão do tribunal sobre uma possível extradição para os EUA.
Assange, procurado por Washington para responder na justiça a várias acusações relacionadas com a divulgação de vários documentos confidenciais, pretende casar-se com Stella Moris, que fez parte da sua equipa jurídica e com quem tem dois filhos.
O fundador da WikiLeaks está detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres, enquanto o Supremo Tribunal deverá decidir em breve sobre um recurso dos EUA contra a decisão de um tribunal que impede a sua extradição.
Em comunicado divulgado na noite de quinta-feira, a WikiLeaks fez saber que o casal tinha dado entrada com uma ação judicial depois de terem sido "impedidos de se casar".
"Boas notícias: o governo do Reino Unido recuou 24 horas antes do prazo", escreveu Moris no Twitter ao lado de uma foto do casal, tendo como pano de fundo um arco-íris.
Na rede social, informou que o casal tem "agora permissão" para se casar "na prisão de Belmarsh". "Estou aliviada, mas ainda zangada, porque foi necessária uma ação judicial para acabar com a interferência ilegal no nosso direito básico de casamento."
Um porta-voz do Serviço Prisional disse: "O requerimento do Sr. Assange foi recebido, considerado e processado pelo governador da prisão de forma normal, como para qualquer outro prisioneiro."
O australiano Assange, de 50 anos, foi preso no Reino Unido em 2019 por não pagar fiança, depois de passar sete anos dentro da embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia, onde enfrentou acusações de agressão sexual. Acusações que foram, posteriormente, descartadas.
Nos EUA pendem sobre ele 18 acusações relacionadas com a divulgação de 500 000 arquivos secretos pelo WikiLeaks em 2010, revelando pormenores de missões militares no Afeganistão e no Iraque. Corre o risco de enfrentar uma pena de prisão até 175 anos, embora a equipa jurídica de Washington afirme que seja difícil de estimar qual será a sentença atribuída a Assange.
No entanto, a juíza do tribunal distrital do Reino Unido, Vanessa Baraitser, decidiu em janeiro que seria "opressivo" extraditar Assange por causa de seu sério risco de suicídio e deterioração da saúde mental.
Os EUA apresentaram recurso da decisão. O Supremo Tribunal deverá definir, dentro de semanas, se o caso deve ser devolvido a um tribunal para uma nova consideração. Esta decisão será também passível de novo recurso final ao Supremo Tribunal do Reino Unido.