Assaltos a ourivesarias sobem enquanto se estuda fenómeno
A equipa mista de prevenção criminal, criada pelo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), para travar os assaltos às ourivesarias, esteve 11 meses a "estudar o fenómeno", sem apresentar resultados ou propor estratégias. Enquanto isso, os assaltos violentos a estes estabelecimentos comerciais aumentaram 25% em 2011. Fonte oficial do SSI disse ao DN que o estudo "está terminado" e que o gabinete "irá difundir uma Nota de Imprensa nos próximos dias", mas não comenta a subida deste crime.
De acordo com dados, ainda provisórios, do Relatório Anual de Segurança Interna, no ano passado foram registados perto de 150 assaltos a ourivesarias, enquanto que em 2010 foram 120. Este crime, cujo aumento já se vinha a acentuar desde 2010, mereceu a atenção especial do secretário-geral do SSI, Antero Luís, que criou em março de 2011 uma equipa mista de prevenção criminal. Esta equipa, composta por representantes da GNR, PSP, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e Serviço de Informações e Segurança (SIS), foi anunciada cerca de um mês depois de o parlamento, por sugestão do CDS-PP, ter recomendado um reforço dos meios de prevenção e combate aos assaltos a ourivesarias.
De acordo com o que explicou, na altura o SSI, esta equipa iria realizar "um estudo nacional sobre o fenómeno, elaborar um plano de ação que combata os roubos a ourivesarias e minimize o sentimento de insegurança de ourives e populações". O SSI comprometeu-se ainda a elaborar e divulgar normas de segurança e realizar campanhas de prevenção, fazer um estudo do mercado nacional de venda de artigos de ouro e da legislação reguladora. A equipa pretendia ainda "maximizar as competências e valências específicas de cada serviço e força de segurança e aprofundar os mecanismos de cooperação".
Ao que DN apurou, foi o SIS quem coligiu os dados de todas as forças de segurança para fazer um relatório final, o qual deverá conter uma caracterização profunda deste crime. Zonas mais atingidas, horas a que o crime é praticado, "gangues" envolvidos e respetiva nacionalidade, será algum desse conteúdo.
A análise, porém, abrange os anos de 2009, 2010 e 1º semestre de 2011, o que pode começar a estar desatualizado para a realidade de hoje.
No final do ano passado, Antero Luís disse à Agência Lusa que o atraso se devia à elaboração de "uma matriz que reunisse o consenso das forças e serviços de segurança e a posterior conversão dos dados apresentados por cada uma delas". O secretário-geral explicava ainda que o número "muito significativo" em Portugal de furtos e roubos de ouro se deve essencialmente ao escoamento "extremamente fácil" destes produtos para a Europa de Leste e Oriente Próximo.
Antero Luís explicava que a proliferação de lojas de compra de artigos de ouro criou "uma janela de oportunidade" que permite ao criminoso vender estes bens "de forma simples e pouco controlada". Para este responsável estes crimes têm impacto no "sentimento geral de segurança da população".