Assalto cirúrgico ao tribunal da Lousã

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Treparam uma árvore junto ao Tribunal Judicial da Lousã e arrombaram uma porta. Já no interior, dirigiram-se ao chaveiro para entrar nas dependências que lhes interessavam, onde ontem de madrugada queimaram processos do Ministério Público em fase de inquérito. Nada foi roubado e tudo indicia um assalto "direccionado", disse ao DN o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, António Martins.

O Ministério da Justiça (MJ) garantiu que os processos queimados "serão recuperados porque estão digitalizados", o que, na perspectiva de António Martins, "só pode ser afirmado numa tentativa de esconder" porque ainda não se sabe quais nem quantos foram destruídos. Além disso, afirmou ao DN o juiz-presidente do Tribunal da Lousã, ali não existe equipamento de digitalização. "Essa informaçao do MJ parece-me no mínimo alvo de algum equívoco porque não sabemos quais são os processos e, se há documentos externos incluídos no inquérito, não foram seguramente digitalizados", diz João Ferreira. "Não roubaram computadores, nem dinheiro, não tocaram em processos cíveis ou em fase de julgamento", daí que também acredite não ter sido um simples acto de vandalismo.

O Tribunal da Lousã não só não tem alarme ou videovigilância, como os mecanismos de segurança existentes "são mais fracos do que os de qualquer casa privada. Quem quiser entrar, entra", alertou ainda o juiz-presidente. António Martins diz que o caso é "elucidativo da forma como o MJ não trata de forma séria e responsável a segurança dos Tribunais".

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