Vejam onde me fui meter. Procurando desenvolvimentos na crise do Santa Clara, decifrada a obscura caligrafia com que anotara um título do Açoriano Oriental, ("Processo em tribunal deixa Santa Clara sem dinheiro") fui dar a uma festa com coelhinhas da Playboy onde a estrela mais brilhante era Letícia, ex-namorada de Richarlyson, abraçada agora a Denilson e a Alex Silva, o irmão de Luisão, num bar de São Paulo. Eu a querer saber frutos da visita de Joaquim Evangelista à equipa de Paulo Sérgio, em Ofir, antes da vitória sobre o Feirense, e o Google a puxar-me, ao primeiro clique, para o sorriso despido das coelhinhas, porque o designado "lançamento do ensaio sensual" de Letícia para a Playboy de Janeiro decorrera no bar Santa Clara, em São Paulo. Já o título da crónica roubei-o a um livro de Ángel González que acaba de morrer em Madrid aos 82 anos tendo no El País o belo epitáfio de "poeta que dignificou a derrota", atinado lema de vida para quantos, no futebol, se refugiam nas balizas da vitória moral até chegar a chicotada psicológica. Ángel González nunca, nem na distante Albuquerque onde leccionou desde os anos 70, se esqueceu do Oviedo, mesmo se o clube do seu coração penava na 3.ª Divisão..Escrevo sem saber se o prazo dado por sindicato e jogadores para pagamento dos salários de Novembro e Dezembro, que se esgotava ontem, foi respeitado, evitando a rescisão colectiva. O acordo firmado há dias, em Rabo de Peixe, com uma empresa conserveira, determina que as camisolas do clube ostentem os dizeres Bom Petisco. Seria uma ironia que nada petiscassem do que lhes é devido..Quanto a Letícia, capa de Janeiro da Playboy, duas linhas: A revista foi proibida de associar o nome de Richarlyson ao ensaio nu. O jogador do São Paulo não pôs os pés no lançamento, enquanto a musa de Janeiro explicava que ele "não é gay" e que a relação acabou porque ela aceitou o desafio da Playboy. Ela admite: a relação com o jogador acelerou o convite. Não por acaso, os poucos adereços com que se deixou fotografar têm as cores que fazem vibrar o Morumbi..Tanta bandeira junta.Escutando o belo hino do Tricolor entoado por 75 mil no Morumbi, li um texto de Juan Cruz, reeditado no El País. Fala de um anterior regresso de Ángel González "ao país devastado pelas ausências". Saído do avião, o poeta foi para casa do músico Joaquin Sabina: "Tão entusiasmados por se reencontrarem, só dois dias depois se lembraram que precisavam de dormir. Quando acordou, Ángel ficou a ver um jogo de futebol, durante o qual tomou alguns uísques e foi recordando coisas que lhe tinham acontecido ultimamente." *TSF