As regras do novo mecanismo de compra de dívida do BCE

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje um novo programa de aquisição de obrigações de dívida soberana de países da zona euro em dificuldades financeiras. Eis as principais regras deste mecanismo, segundo informações do próprio BCE:
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O que o BCE vai comprar:

Títulos da dívida soberana de países da zona euro, no mercado secundário. O presidente do BCE, Mario Draghi, esclareceu que os títulos a comprar em "transações monetárias diretas" (TMD, "outright monetary transactions", na expressão em inglês) serão obrigações entre um e três anos, ou de maturidades mais longas mas que vençam num prazo até três anos.

Condições:

A realização destas compras depende de "condições rigorosas e eficazes ligadas a um programa" dos mecanismos financeiros da União Europeia. Ou seja, o BCE só comprará obrigações de países que estejam sujeitos a um "programa de ajustamento macroeconómico total" como aquele que Portugal está a seguir ou a um "programa preventivo", desde que este preveja aquisições da parte dos mecanismos europeus de estabilidade.

O BCE reserva-se o direito de interromper o financiamento quando considerar que "foram atingidos os objetivos" ou que o país que recebe a ajuda "não cumpriu o programa de ajustamento".

A dimensão do programa:

Mario Draghi disse que "não há limites quantitativos 'ex ante'" para a dimensão das TMD. Questionado por jornalistas, o presidente do BCE escusou-se a fazer estimativas para a dimensão deste programa.

Draghi garantiu, contudo, que estas compras de dívida serão "esterilizadas" -- jargão de política monetária que significa que o BCE vai retirar do sistema financeiro liquidez num montante equivalente ao utilizado para comprar dívida, de forma a não causar inflação. Este sistema já era utilizado no anterior mecanismo de compra de dívida, o SMP, iniciado em 2010 e agora encerrado.

O impacto para Portugal:

Para países sob assistência financeira da 'troika', como é o caso de Portugal, o programa de compra de dívida só tem efeitos a partir do regresso aos mercados financeiros. Ou seja, só em setembro de 2013 é que poderão ser consideradas as aquisições de dívida portuguesa.

Tratamento dos credores:

Um dos pontos mais importantes para os mercados tem a ver com a chamada "senioridade" dos credores: a ordem pela qual são pagos os credores em caso de incumprimento. Mario Draghi garantiu que o BCE não vai ter tratamento preferencial relativamente aos outros credores. Esta regra significa mais risco para o BCE, mas também torna as dívidas dos países envolvidos mais atraentes aos investidores.

Informação sobre o programa:

O BCE compromete-se a publicar "semanalmente" os montantes de dívida adquiridos, divulgando estatísticas detalhadas todos os meses.

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