As paradas gay e as paradas de quartel

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Numa paródia dos Monty Python, o sargento (interpretado por Graham Chapman), com voz poderosa, manda oito soldados para a parada. Os soldados, em ordem unida, cadenciados, arrancam com passada harmoniosa, que passa a sê-lo até demais. Ancas meneando, mãozinha descaindo no pulso e gritinhos ("whoops!") no momento de volver à direita... "Esquisito!", diz o sargento sobre o exercício bichona de fardados. São só 40 segundos de marcha, onde a piada menor não é a ironia de Graham Chapman ser o único gay dos Monty Python, os grandes humoristas da história da televisão. Há ali, na voz grossa do sargento, uma vontade em não querer confundir o cu com as calças. Uma parada gay é um exercício feérico, um encantamento pela igualdade conquistada. Já as paradas de quartel são para criar um espírito de corpo onde os desejos do corpo abdicam em nome do dever. Aquela é festa; estas, esforço. O marechal Lyautey, o maior militar do império colonial francês, era homossexual. O general Montgomery, comandante britânico da II Guerra Mundial, era homossexual. Podemos gostar ou não das batalhas que eles ganharam mas o certo é que ambos as perderiam (porque sem autoridade) se tivessem confundido as paradas. Reparei que na recente discussão sobre o Colégio Militar nenhum jornal ousou fazer ligação para o vídeo dos Monty Python (está no YouTube), apesar de que ele podia ilustrar uma explicação. Whoops!, está tão mariquinhas a nossa opinião pública.

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