As mulheres de Manuel Maria

Nos últimos dias, o folhetim em torno da separação de Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães alimentou páginas de jornais, polémicas e contradições. Mas, para lá dos romances intensos, o que têm em comum as relações com as mulheres que passaram pela vida do político e professor universitário de 61 anos? Todas terão terminado envoltas em polémica.
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Joana Varela foi a primeira mulher de Manuel Maria Carrilho. Conheceram-se quando estudavam na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e casaram-se em 1972, seis meses depois de começarem a namorar. Ela tinha 20 anos e ele 21. «Os primeiros anos de casamento foram divertidos, não tenho más recordações», diz Joana Varela, hoje com 60 anos, recordando uma viagem que fizeram durante 15 dias a Paris, alguns meses antes do 25 de Abril de 1974. «As pessoas estavam todas apaixonadas umas pelas outras, foi uma altura fascinante.»

«As divergências começaram quando começamos a trabalhar. O Manuel começou a revelar-se muito ambicioso», diz a antiga diretora da revista Colóquio/Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian que descreve o ex-marido como «narcista e com uma constante necessidade de rebaixar os outros».

José Maria nasceu dois anos depois do casamento, e os problemas graves na relação começaram quando este tinha quatro anos. Segundo Joana Varela, Carrilho ter-se-á apaixonado por outra mulher. Depois de confrontar o marido com o romance, a professora resolveu pagar da na mesma moeda: envolveu-se «de propósito» com outro homem. «No dia seguinte disse-lhe "estamos quites"» O resultado, alega a ex-mulher, foi um dia inteiro de agressões, «com pontapés na cara e facas apontadas ao pescoço». Ao recordar esses momentos, reconhece que não apresentou queixa contra o marido porque «tinha 25 anos, sabia lá que havia advogados». Resolveu ficar em casa «porque tinha um filho pequeno, com quatro anos» mas admite que «o casamento acabou nesse dia». Seis anos mais tarde conheceu o homem que viria a ser o seu segundo marido e pediu o divórcio, o que terá resultado em novo episódio de violência. Não se recorda se foi agredida, mas garante que foi o suficiente para sair de casa. Tinha 31 anos.

Joana Varela esteve entretanto internada em inúmeras instituições. «Fui diagnosticada bipolar e estive internada várias vezes em diversos hospitais na sequência de uma grave depressão por ter ficado sem o meu trabalho na Gulbenkian e pelo consequente uso excessivo de antidepressivos.» Três décadas depois, a professora faz uma reflexão sobre tudo o que aconteceu. «Deixei o meu filho com o pai para pudesse ter uma vida de paz. Se assim não fosse ia ser um inferno.» O divórcio realizou-se por «comum acordo» e Manuel Maria Carrilho ficou com a custódia do filho. E não só. «A casa era da minha família e ficou para ele e para o meu filho e ainda lhe paguei uma pensão de 25 contos (125 euros) por mês até o Zé Maria ser maior de idade.»

Confrontado com as acusações da ex-mulher, Carrilho diz que Joana Varela «é uma louca varrida, uma pessoa delirante», que esteve «internada várias vezes em hospitais», nomeadamente num «internamento policial no hospital Miguel Bombarda». O ex-candidato à Câmara Municipal de Lisboa acrescenta que nada do que a ex-mulher afirma foi alguma vez «objeto de queixa formal». «Já não vejo essa senhora há 33 anos e desminto tudo o que disse.»

A segunda filha de Manuel Maria Carrilho nasce de uma relação que o professor teve com uma aluna sua do curso de Filosofia, da Universidade Nova de Lisboa. Cristina Alves tinha 22 anos quando se apaixonou por Manuel Maria Carrilho. Estávamos no início da década de 1980. «Ele é galanteador, inteligente e muito sedutor e ela apaixonou-se perdidamente por ele» conta uma fonte próxima de Cristina, que pediu o anonimato. A relação durou cerca de três anos até o ex-ministro saber que a aluna estava grávida. «Ele reagiu mal à notícia da gravidez e não quis assumir a paternidade. Houve a intervenção de advogados até que ele acabou por ceder porque não pode haver filhos de pais incógnitos.»

Cristina Alves terminou a relação «conturbada» com o professor universitário, que terá envolvido também alguns episódios de agressões: «Ela foi vítima de violência física e psicológica, repetidamente. Mas ele dizia sempre que era a última vez que lhe batia e ela voltava para ele... Até que teve de se proteger não só a si mas também a filha.»

Maria, hoje com 27 anos, nasceu quando Manuel Maria e Cristina já estavam separados. Segundo a mesma fonte, nunca houve regulação do poder parental acordada em tribunal e o pai nunca visitou ou privou com a filha, ou pagou qualquer pensão de alimentos durante muitos anos. Carrilho só terá tentado uma aproximação pontual à filha quando era ministro da Cultura, em 1995. Maria, que usa o apelido Alves e não Carrilho, tem hoje 27 anos, casou e tem uma filha, que o ex-ministro conhece. A mãe, Cristina Alves, 50 anos, é professora universitária e vive fora do país.

Bárbara Guimarães é a terceira relação conhecida de Manuel Maria Carrilho. Tudo terá começado em 1999, quando o então ministro da cultura foi entrevistado por Bárbara para o programa Mundo Vip, da SIC. No ano seguinte, o jornal O Independente' noticia que Pedro Miguel Ramos, radialista, apresentador de televisão e à época casado com Bárbara (mais tarde conhecido como proprietário da rede de restaurantes Amo-te), agrediu Carrilho ao saber da relação entre o político e a mulher. Começa o circo mediático em volta do namoro da apresentadora e do político.

A relação evoluiu e em 2001 estala nova polémica em torno do casal. Bárbara Guimarães, 28 anos, e o político, 50, transformaram o dia do casamento na «celebração de uma união» porque a apresentadora era à data ainda casada com Pedro Miguel Ramos. Só em 2003 - depois de afastado o fantasma da acusação de «bigamia» - é que o casal pôde oficializar a relação, numa cerimónia civil. A vida do casal foi sempre acompanhada pela imprensa e as fotos da primeira união cedidas ao jornal Expresso.

Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho têm dois filhos. Dinis Maria, hoje com 9 anos, e Carlota Maria, com 3, foram durante os dez anos de casamento, o espelho de uma felicidade exibida à imprensa. Até que, no final de outubro, a apresentadora faz uma queixa-crime contra o marido no Departamento de Investigação e Ação Penal. O motivo? «Violência doméstica continuada», alegando que chegou a ser ameaçada com uma faca de cozinha à frente dos filhos.

Em comunicado tornado público pela SIC, a apresentadora refere que avançou com o pedido de «divórcio litigioso» e que se mantém em silêncio para «proteger» os filhos.

Em declarações à imprensa, Manuel Maria Carrilho tem negado todas as acusações de que é alvo. «Há um ano que a Bárbara trata a depressão com álcool, silicones, botox e 50 comprimidos por dia», diz sobre a mãe dos filhos menores.

A polémica está instalada. E não ficará por aqui. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.

JOANA VARELA

1972 a 1984

O ex-ministro da Cultura e a ex-diretora da revista Colóquio Letras estiveram casados durante 12 anos. Joana Varela revelou esta semana ao Diário de Notícias que terá sido, à semelhança de Bárbara Guimarães vítima de violência domésticas e que o filósofo a terá agredido em duas ocasiões diferentes. Carrilho desmente

Filho: José Maria Carrilho (30.9.1974)

Netos: Rita, Vasco

CRISTINA ALVES

1982 a 1985 (datas aproximadas)

O professor de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa, então com 31 anos, apaixonou-se pela sua aluna, de 22. A relação durou aproximadamente três anos e acabou de forma conturbada antes do nascimento da filha do casal.

Filha: Maria Alves (1985)

Uma neta

BÁRBARA GUIMARÃES

2001 a 2013

Quando, em 2001, a apresentadora da SIC e o então ministro da Cultura celebram a sua união, numa mediática festa, Bárbara estava ainda casada com Pedro Miguel Ramos. Bárbara e Carrilho formalizam a união civil dois anos depois. A apresentadora pediu agora o divórcio ligitioso.

Filhos: Dinis Maria (30.1.2004) e Carlota Maria (10.10.2010)

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