As indústrias de Defesa podem ajudar a sair da crise?
Portugal deve despender 2,5% do PIB em Defesa, segundo os compromissos estabelecidos com a NATO. Tal nunca ocorreu, embora seja nesta aliança que reside a nossa defesa. Eventuais gastos em material de defesa não implicam necessariamente desperdício de recursos financeiros, pois as indústrias têm um efeito multiplicador da economia e são um importante motor de desenvolvimento. Novos projetos militares envolvem novas tecnologias, com o consequente envolvimento do tecido empresarial, centros de investigação universitários e os mais variados técnicos. No que respeita às Indústrias de Defesa, o Estado português deve: estabelecer uma estratégia relativa à sua base tecnológica; regular o setor; exercer as funções de promotor e de cliente dos seus produtos, provenham de empresas estatais ou privadas, sejam produzidos isoladamente ou em parceria com outros Estados, no sentido de, com o auxílio das Forças Armadas, os venderem a outros países. Isto raramente tem acontecido, com exceção do equipamento de comunicações desenvolvido pela EID e produzido em parceria com a Siemens, há cerca de vinte anos, que equipa as fragatas MEKO e que hoje, na 6.ª geração, equipa algumas marinhas estrangeiras. O ministro da Defesa assinou a 24 de maio de 2016 um despacho, autorizando o Exército a adquirir 12 sistemas aéreos não tripulados através da Agência de Armamento da NATO. Sabemos que em Portugal há capacidade de desenvolver projetos deste tipo e que, inclusive, existem dois protótipos: um desenvolvido por uma empresa privada e testado pelo Exército, o outro pela Academia da Força Aérea. Esperamos que a aquisição destes novos sistemas recaia num equipamento desenvolvido nacionalmente, eventualmente num destes dois, por forma a contribuir para o desenvolvimento do país e para a saída da crise.
Coronel