as experiências picto-poéticas

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Haverá gente com nomes que lhes caiam bem. / Não assim eu. / De cada vez que alguém me chama Mário / de cada vez que alguém me chama Cesariny / de cada vez que alguém me chama de Vasconcelos / sucede em mim uma contracção com os dentes / há contra mim uma imposição violenta / uma cutilada atroz porque atrozmente desleal." O poeta que, no ano anterior, tinha editado o livro Pena Capital, inaugurava a sua primeira exposição individual de pintura na galeria do DN, então no Chiado, a 11 de Abril de 1958.

"Um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa [com Alexandre O'Neill, António Pedro, José-Augusto França, Vespeira e outros], Cesariny de Vasconcelos frequentou a Académie de la Grande Chaumière, de Paris, e mais tarde dedicou a sua atenção às experiências picto-poéticas de Victor Brauner, Max Ernest e Marcel Duchamps", lia-se no jornal do dia seguinte.

"Mário Cesariny de Vasconcelos participou também nas duas exposições colectivas realizadas pelos surrealistas 'dissidentes' [além do poeta de "you are welcome to elsinore", o grupo tinha Henrique Risques Pereira, António Maria Lisboa, Mário-Henrique Leiria, Cruzeiro Seixas, Pedro Oom], assim como nas comunicações efectuadas no JUBA [Jardim Universitário das Belas Artes] sob o título 'O Surrealismo e o Seu Público em 1949', que agitaram vivamente os meios intelectuais de Lisboa, concorrendo para tornar conhecida do grande público a existência de um movimento poético fundamental, mas até então pouco divulgado entre nós", explicava o artigo.

"As obras apresentadas na Galeria do DN traduzem uma expressão plástica, onde se ambiciona que 'a vida e a morte, o real e o imaginário, o passado e o futuro, o comunicável e o incomunicável, o alto e o baixo deixem de ser apercebidos contraditoriamente'." E voltando ao poema: "Como assim Mário como assim Cesariny como assim ó meu deus de Vasconcelos."

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