As escalas indispensáveis para conhecer Ella Fitzgerald
The Complete Ella Fitzgerald Songbooks (1993), Verve
Nada menos do que 16 CD, desigualmente repartidos por oito dos maiores autores ou parelhas criativas do Great American Songbook, o que se alarga a um total de 253 canções que, em muitos casos, conhecem com Ella a sua versão mais esplendorosa, porventura definitiva. Estas recolhas foram gravadas entre 1956, começando com Cole Porter, porventura aquele que mais alto voa, e 1964, cabendo a despedida a Johnny Mercer. Pelo meio, é luxo só: Rodgers e Hart, Duke Ellington, Irving Berlin, George e Ira Gershwin, Harold Arlen e Jerome Kern. As pérolas sucedem-se e pode bem falar-se em sorte para todos: para a cantora por dispor de matéria-prima deste calibre, para os criadores por descobrirem alguém que preencha todos os cantos das respetivas "casas". Cada um dos oito songbooks pode ser obtido individualmente, mas recomenda-se, mesmo com prejuízo das finanças pessoais, a escuta comparada. Que acaba, sempre, por se tornar superlativa.
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Ella In Rome: The Birthday Concert (1958/1988), Verve
Ella In Berlin: Mack The Knife (1960), Verve
Twelve Nights In Hollywood (1961-1962/2009), Verve
Ella In Hamburg (1965), Verve
Sem truque nem rede, aí ficam quarto exemplos da excelência de uma voz em palco, sempre secundada por músicos de primeira linha - por estes registos, andam os talentos de Oscar Peterson, Jim Hall, Tommy Flanagan ou Ray Brown, entre muitos outros. As duas passagens pela Alemanha foram editadas em cima dos acontecimentos, sem delongas. "Descontados" os deuses que Ella abordou nos Songbooks atrás referidos, há, mesmo assim, grandes descobertas: Gone With The Wind, Mack The Knife e How High The Moon em Berlim, Body and Soul, A Hard Day"s Night (sim, um abraço aos Beatles) e The Boy From Ipanema em Hamburgo. O concerto de Roma, realizado há precisamente 59 anos, no dia em que Ella festejava o seu 41º aniversário, esteve guardado durante três décadas nos fundos arquivos da editora Verve, até ver a luz do dia em 1988. Por fim, as noites de Hollywood correspondem a duas séries de espectáculos - de 11 a 21 de Maio de 1961, mais 29 e 30 de Junho de 1962 - que também só tiveram direito a edição em 2009, atrasando assim o contacto com versões magníficas de Lover Come Back To Me, Round Midnight e Take The A Train e, sobretudo, com a única abordagem d"Ella a uma canção eterna chamada It Had To Be You. O que faz pensar (ou sonhar...) com a descoberta de mais momentos sublimes, para já perdidos no tempo.
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Ella and Louis (1956), Verve
Ella and Louis Again (1957), Verve
Porgy and Bess (1957), Verve
Ella and Basie! (1963), Verve
Os três primeiros discos assinalam as deliciosas colaborações d"Ella com Louis Armstrong, aquele que todos ambicionavam ter como parceiro, pela doçura, pela competência, pela fluência. O caso mais sério será o da abordagem à obra de George Gershwin, por exemplo com um Summertime que arrepia o mais insensível. Nos outros dois casos, os destaques também não faltam: Moonlight In Vermont, Tenderly e April In Paris, no álbum de 1956, Comes Love, Don"t Be That Way e Autumn In New York, no de 1957. O outro vértice do quadrado assinala a presença do pianista e "chefe de orquestra! Count Basie, num álbum que contou com arranjos de um ainda jovem Quincy Jones e rendeu momentos únicos como Honeysuckle Rose, Tea For Two e On The Sunny Side Of The Street.
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Ella Abraça Jobim (1981), Pablo
Bastaram seis dias (de 17 a 19 de Setembro de 1980 e de 18 a 20 de Março de 1981) para que a sexagenária Ella assinasse a sua rendição ao génio de António Carlos Jobim, naquele que foi o seu único álbum integralmente dedicado à Bossa Nova, muito justamente concentrada nas canções do seu maior representante. Clark Terry, Zoot Sims, Toots Thielemans, Joe Pass, Óscar Castro-Neves, Paul Jackson Jr., Abraham Laboriel, Alex Acuña e Paulinho da Costa integram o fantástico eleno de instrumentistas na gravação que, para muitos, serve como a grande despedida d"Ella.
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