As cidades de média dimensão na coesão e desenvolvimento sustentável
É sabida a importância das cidades de média dimensão para a correção do desenvolvimento assimétrico, para o esbatimento dos contrastes da dicotomia litoral/interior e para a descompressão das grandes áreas metropolitanas e suavização do quotidiano da vida das pessoas. Para este desígnio, assinale-se a importância do potencial que conjuntos de cidades médias, para os quais se qualifica Guimarães, podem aportar, pois configuram uma nova filosofia de desenvolvimento. É minha convicção que a perifericidade relativa pode ser resolvida e transformada em vantagem comparativa, a partir de um modelo assente em três eixos: a regeneração urbana, a cooperação territorial de proximidade - com escala demográfica necessária ao desenvolvimento de ecossistemas endógenos competitivos - e a ligação à rede de mobilidade europeia.
Neste texto, não distinguirei Guimarães pelo património da humanidade, pela cultura e pelo desenvolvimento ambientalmente sustentável. Nem falarei do seu ecossistema de ciência e marca industrial. Assim como não falarei do nosso primeiro rei Afonso Henriques que, a partir de Guimarães, fundou Portugal e nos inspira, a nós portugueses, no caminho do futuro coletivo. Enunciarei apenas a imensa oportunidade que constitui a implementação de um sistema de mobilidade urbana sustentável no conjunto das cidades de contiguidade territorial, de média dimensão, como Guimarães-Braga-Vila Nova de Famalicão, onde vivem e trabalham mais de meio milhão de pessoas, integrando uma unidade territorial no topo das exportações do país: um sistema BRT - Business Rapid Transit em via dedicada, para servir o transporte público de passageiros, de forma a unir as cidades e a promover o desenvolvimento harmonioso, otimizando todos os recursos a uma escala sub-regional, sem a perda das marcas distintivas de cada uma das cidades. Para este sistema de mobilidade urbana é imprescindível a passagem do eixo ferroviário de alta velocidade entre Famalicão, Guimarães e Braga, e a localização da futura estação de alta velocidade entre estas três cidades.
Guimarães, pela sua implantação geográfica, situa-se num ponto de convergência que é portal de acesso à litoralidade para um conjunto de centros urbanos mais interiores (uma vetusta realidade demonstrada pelos caminhos traçados pelo culto religioso). Daí emerge a importância de uma ligação dedicada, a partir de Guimarães (ou de Fafe), à futura estação ferroviária de alta velocidade, tão necessária para o desenvolvimento harmonioso do território e para a construção de um país mais coeso e competitivo.
Nunca será de mais repetir:
- O meio de transporte mais descarbonizado, de média e longa distância, para as pessoas e para as mercadorias, é o transporte ferroviário.
- A estrutura económica produtiva e a localização de novas indústrias estão condicionadas pela existência de uma ligação ao eixo ferroviário de alta velocidade.
Presidente da Câmara Municipal de Guimarães