As cedências de Netanyahu para formar governo

Líder do Likud, que esteve no poder de 1996 a 1999 e entre 2009 e 2021, estará à frente do executivo mais à direita da história do país.
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A menos de 30 minutos do fim do prazo, Benjamin Netanyahu comunicou na quarta-feira à noite ao presidente israelita, Isaac Herzog, que tinha chegado a acordo para formar governo. Mas o regresso ao poder do líder do Likud, que foi primeiro-ministro durante 15 anos, implica várias cedências aos aliados de extrema-direita.

Segundo os media israelitas, um dos pontos do acordo (que ainda não está fechado) que o Likud terá negociado com o Poder Judaico, de Itamar Ben-Gvir, prevê a passagem de legislação que acaba com a proibição da candidatura ao Knesset de pessoas que incitam ao racismo, assim como de partidos que não aceitam Israel como um país judaico e democrático.

Ben-Gvir, como esperado, irá assumir a pasta da Segurança Nacional, o que é outro potencial problema. O político de extrema-direita vai ser responsável pela polícia, incluindo a fronteiriça que atua dentro da Cisjordânia. O líder do Poder Judaico é conhecido pelos seus comentários antiárabes, já tendo sido condenado por racismo, temendo-se que possa incitar ao conflito com os palestinianos. Bezalel Smotrich, líder do Partido Sionista Religioso (outro de extrema-direita), assumirá a pasta da Defesa, com competências sobre a Cisjordânia ocupada e a expansão dos colonatos.

Netanyahu cedeu também a pelo menos uma exigência do Partido Unido da Torá, referente à "cláusula dos netos" na Lei do Regresso. Esta permite que qualquer pessoa que tenha pelo menos um dos avós judeus possa imigrar legalmente para Israel, desde que não pratiquem outra religião, e obtenham dessa forma a cidadania.

Netanyahu, de 73 anos, venceu as eleições de 1 de novembro, conquistando 32 lugares dos 120 do Knesset, precisando dos aliados ultraortodoxos e da extrema-direita (que ganhou força) para chegar a uma maioria de 64. Depois do anúncio do acordo, o ainda primeiro-ministro Yair Lapid criticou o "governo mais extremo na história de Israel". Ainda não foi anunciada a data da tomada de posse de Netanyahu.

susana.f.salvador@dn.pt

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